quarta-feira, julho 13, 2011

FLIP 2011 - IMPRESSÕES 2

Na palestra de abertura da Flip teve o professor Antônio Cândido, que conheceu pessoalmente Oswald de Andrade e contou particularidades sobre a vida do autor homenageado. Dividiu a mesa com José Miguel Wisnik, que, sendo aluno, teve a fala mais rebuscada que o próprio professor. O professor disse que a obra de Oswald não é muito conhecida porque foi ofuscada pelos rumores de sua vida, pelos mitos que se criaram em torno do escritor, e não era fácil encontrar suas obras no seu tempo. Oswald tinha presença de espírito, era excêntrico, sarcástico, massacrava quem falasse mal dele, tornava-se enfurecido, agressivo. Porém, não sabia viver só, precisava de amigos, de ser compreendido, de ser apreciado e não guardava rancor. Nessas horas era polido, atento e bem educado. Soube usar a arma do riso, que foi um dos grandes instrumentos do Modernismo. O próprio Wisnik, junto com Celso Sim começou o show de abertura, que teve como convidada especial, uma Elza Soares pura fibra que mal andava e que cantou sentada, mas com a mesma voz inconfundível e a vontade de estar na Flip.

A mesa 1 teve a poetisa laureada da coroa britânica, Carol Ann Duffy. Ela leu trechos de seu livro, em pé, no púlpito e ao responder sobre o ensino de fazer poesia, disse que as técnicas podem ser ensinadas, mas é necessário a fruição. Já Paulo Henriques Britto foi bem objetivo e pragmático, disse que se pode sim ensinar a escrever poesia, mas isso não quer dizer que o aluno será um poeta, só se ele quiser.
A mesa 2 teve como assunto as idéias modernistas de Oswald de Andrade e discutiu-se muito sobre antropofagia. A mês 5 teve o argentino Andres Neuman e o americano Michael Sledge, que escreveu A Arte de Perder, baseado na vida de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares. Enquanto Andres disse que a escrita vem do espanto, Sledge disse que é melhor fazer pesquisa para escrever.
A mesa 6 teve a maior atração da Flip 2011, o português valter hugo mãe (minúsculo como ele mesmo escreve) e a argentina Pola Oloixarac. Enquanto valter emocionou a todos ao ler uma carta onde declarou seu amor pelo Brasil e arrancou gargalhadas com suas tiradas engraçadas, Pola entediou e foi ofuscada pelo carisma de valter. O livro de lançamento de valter é “a máquina de fazer espanhóis” e ele disse que o momento de escrever para ele é o momento de salvação. Contou que foi convidado para dormir na cama de Fernando Pessoa e que não gostou, porque a cama é estreita e dormiu mal.
A mesa 8 teve o irreverente Ignácio Loyola Brandão, com Contardo Calligaris, substituindo Antonio Tabucchi. Loyola arrancou risos da plateia com seus causos. Disse que às vezes escreve crônicas com ódio e que observa tudo ao seu redor. Falou que existem nomes que destroem os personagens e mostra seu caderninho onde anota nomes excêntricos, de pessoas que conhece. Disse que a crônica é um olhar sobre o mundo e que toda história tem um pouco de autobiografia. O personagem é aquilo que o autor gostaria de ser. Por isso Loyola faz ficção.

Por: Denise Constantino
Foto: Carmen Amazonas

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