quinta-feira, julho 14, 2011

AS BICICLETAS DE DAVID BYRNE

A mesa 16 da FLIP 2011 apresentou David Byrne, o criador dos Talking Heads, que defende o transporte alternativo como forma de contribuir para a não poluição do meio ambiente e costuma pedalar sua bicicleta pelo mundo todo, inclusive quando viaja em turnês. Seu livro Diários de bicicleta relata suas impressões e vivências das cidades por onde passou. Segundo Byrne, a cidade é lugar de encontro, de troca e por onde viajou viu muitos espaços ociosos e abandonados e cidades mal estruturadas fisicamente. Antes de ser anunciado, foi exibido um vídeo sobre a bicicleta retratada no cinema e sua palestra foi ilustrada por slides de cidades que conheceu, apontando falhas e as melhorias possíveis. David Byrne chamou a atenção para áreas que são zonas mortas, que só servem para estacionamento, onde não há lojas, praças, nenhuma interação entre as pessoas. Um de seus slides tratava-se de uma Plaza na Itália, onde não é proibido entrar carros, mas acabam não trafegando, dando a preferência para os ciclistas. Dá exemplos de cidades, como no México, de ruas que em alguns dias são só utilizadas pelos pedestres. Ele disse que as cidades podem ser transformadas de várias formas e citou exemplos inclusive no Brasil, como o grupo Afro Reggae, que vem transformando as favelas. Citou também as favelas da Holanda, que tiveram as casas todas coloridas para ficarem mais receptivas.
A vantagem do uso da bicicleta é que nos proporciona uma maior visão das paisagens e dos problemas urbanos, que muitas vezes são ignoradas quando estamos de carro. Lembrou que o uso de bicicleta faz diminuir o número de acidentes de automóveis. David contou que há cidades que incentivam o uso de bicicleta com descontos em impostos, através de um sinalizador que é colocado na bike. Outro exemplo citado por Byrne, no Brasil, foram as faixas de pedestres e ciclistas por toda a avenida de Curitiba e que foi copiado por Bogotá. Citou Copenhague, Berlim e Amisterdã como as cidades que possuem as melhores ciclovias, dentre as que conheceu.
Seu companheiro de mesa, o engenheiro Eduardo Vasconcellos, expôs de forma realista a questão do transporte alternativo no Brasil. Começou dizendo que muitas alternativas que servem para países ricos não são eficazes para países em desenvolvimento. A cidadania e a democracia em países ricos são mais fortes e são novas e frágeis em países emergentes. Quem é pedestre e usa bicicleta como meio de transporte não tem influência nas políticas públicas e não conhecem os poderes e interesses que existem por trás dessas políticas. Nós construímos cidades hostis e perigosas para pedestres e ciclistas. Os ricos que têm automóveis consideram essas pessoas como de classe inferior, são pró-automóveis, não usam transporte público, são os que causam mais poluição, consomem mais energia e causam mais acidentes. Primeiro, temos que combater o mito de que os automóveis são a solução para o transporte e criar uma conscientização nas pessoas, gerar conhecimento e educação. Mas, a reformulação tem de ser devagar, porque haverá muita oposição de quem tem automóveis e motos.
Convenhamos, é difícil imaginar um executivo de terno e gravata indo para seu escritório em plena Avenida Paulista, de bicicleta, ou entrando em um ônibus super lotado e ir espremido entre a multidão. Porém, devemos pensar que como a maioria é a classe que se sujeitaria a experimentar um transporte alternativo como a bicicleta, podemos ter esperança de que um dia nosso planeta seja menos poluído. Resta aos inseparáveis dos automóveis o respeito no trânsito àqueles que pensam em um planeta melhor. Em Angra dos Reis, por exemplo, existem muitos usuários de bicicleta, principalmente no bairro Grande Japuíba, que cresce cada vez mais. Uma boa opção seria a construção de uma ciclovia ligando esse bairro ao centro da cidade, o que tornaria a vida dos usuários mais fácil e mais segura. David Byrne nos mostrou como deveria ser, Eduardo Vasconcellos nos contou a realidade caótica das grandes cidades do Brasil e nós devemos nos conscientizar pelo menos de uma coisa: é nosso dever pensar e praticar a sustentabilidade de nosso planeta.

Por: Denise Constantino
Foto: http://www.google.com.br/

quarta-feira, julho 13, 2011

FLIP 2011 - IMPRESSÕES 4

O último evento da Flip, para mim, foi decepcionante. Comprei o ingresso interessada na leitura de livro de cabeceira pelos autores convidados. A mesa começou com a Macumba antropófoga de Zé Celso, que durou mais de 3 horas e vi-me assistindo a uma festa dionísiaca, com direito a nudismo explícito de homens e mulheres, inclusive alguns mais afoitos do público, que quiseram mostrar tudo e participarem da peça. No final, houve um banquete à moda Dionísio: frutas e vinho. Somente três autores tiveram coragem de comparecer: valter hugo mãe, Pola Oloixarac e Eduardo Sterzi. Mesa cansativa e frustrante.
Pontos negativos além da macumba antropófaga: as falhas no áudio, na tradução e na imagem do vídeo na tenda do telão; o atendimento em câmara lenta no guichê de venda de ingressos; os banheiros que não tinham onde lavar as mãos. De boa vontade e cúmplices do público, os serventes dos banheiros espirravam álcool nas mãos dos usuários. Será que os organizadores não sabem que faz parte da boa higiene lavar as mãos após usar o banheiro?

Até o próximo ano Flip, com a poesia magistral de Carlos Drummond de Andrade e torçamos para que Paraty seja eleita Patrimônio Cultural da Humanidade.

Por: Denise Constantino
Foto: Carmen Amazonas

FLIP 2011 - IMPRESSÕES 3

     A mesa 12 teve um fraco Marcelo Ferroni, que escreveu uma história sobre Che Guevara ficcional, o ótimo e preciso Edney Silvestre e o centrado Teixeira Coelho. Edney Silvestre afirmou convictamente que não quer e não devemos esquecer os “escombros”, referindo-se à época da ditadura e ao governo de Collor, após Teixeira Coelho citar uma frase de Borges em que disse que “esquecer o ruim também é ter memória”. A discussão também girou em torno do tema verdade x ficção. O que interessa é a verdade inacessível, que é o motor da literatura. Teixeira Coelho ainda citou que felicidade é escrever ficção.
     A mesa 13 teve o divertido e amnésico João Ubaldo Ribeiro, que falou sobre sua terra natal: Itaparica, que é local constante em seus romances e contou a história do verdadeiro Sargento Getúlio, título de um de seus livros. Ubaldo contou que escreveu “Viva o povo brasileiro”, um livro grande, como desafio ao seu editor que reclamou que o escritor só escreve livros pequeninos que podem ser lidos na ponte aérea. João Ubaldo ainda disse que tem um anjo da guarda chamado Pepe e que é padroeiro de Nossa Sra. Perpétuo Socorro, embora não seja católico por não aceitar os magistérios da igreja.

A mesa 14 teve um James Ellroy altivo e eufórico, que começou de pé, a frente do encolhido mediador Arthur Dapieve, lendo um trecho de seu romance policial mais novo, Sangue Errante. Aos 10 anos, a mãe de James Ellroy foi assassinada brutalmente e o crime nunca foi solucionado. Ellroy mostrou-se excêntrico e afiado, disse que se fosse um compositor seria Beethoven, se fosse um líder religioso, seria Deus. Nada modesto. Ellroy é fascinado por Beethoven, disse que tem vários bustos do compositor em sua casa. Afirmou que é avesso à tecnologia e que escreve seus livros à mão. Terminou com uma pergunta: “ninguém vai perguntar por que eu escrevo?” E respondeu recitando uma poesia.
     A mesa 15, no último dia, foi dedicada também ao antropofagismo de Oswald de Andrade. João Cezar de Castro Rocha falou com a sua postura de professor acadêmico sobre o que seria antropofagia. Já Eduardo Sterzi começou mal, se diminuindo frente ao seu colega de mesa e aos outros que falaram sobre Oswald anteriormente.

Por: Denise Constantino
foto: Carmen Amazonas

FLIP 2011 - IMPRESSÕES 2

Na palestra de abertura da Flip teve o professor Antônio Cândido, que conheceu pessoalmente Oswald de Andrade e contou particularidades sobre a vida do autor homenageado. Dividiu a mesa com José Miguel Wisnik, que, sendo aluno, teve a fala mais rebuscada que o próprio professor. O professor disse que a obra de Oswald não é muito conhecida porque foi ofuscada pelos rumores de sua vida, pelos mitos que se criaram em torno do escritor, e não era fácil encontrar suas obras no seu tempo. Oswald tinha presença de espírito, era excêntrico, sarcástico, massacrava quem falasse mal dele, tornava-se enfurecido, agressivo. Porém, não sabia viver só, precisava de amigos, de ser compreendido, de ser apreciado e não guardava rancor. Nessas horas era polido, atento e bem educado. Soube usar a arma do riso, que foi um dos grandes instrumentos do Modernismo. O próprio Wisnik, junto com Celso Sim começou o show de abertura, que teve como convidada especial, uma Elza Soares pura fibra que mal andava e que cantou sentada, mas com a mesma voz inconfundível e a vontade de estar na Flip.

A mesa 1 teve a poetisa laureada da coroa britânica, Carol Ann Duffy. Ela leu trechos de seu livro, em pé, no púlpito e ao responder sobre o ensino de fazer poesia, disse que as técnicas podem ser ensinadas, mas é necessário a fruição. Já Paulo Henriques Britto foi bem objetivo e pragmático, disse que se pode sim ensinar a escrever poesia, mas isso não quer dizer que o aluno será um poeta, só se ele quiser.
A mesa 2 teve como assunto as idéias modernistas de Oswald de Andrade e discutiu-se muito sobre antropofagia. A mês 5 teve o argentino Andres Neuman e o americano Michael Sledge, que escreveu A Arte de Perder, baseado na vida de Elizabeth Bishop e Lota de Macedo Soares. Enquanto Andres disse que a escrita vem do espanto, Sledge disse que é melhor fazer pesquisa para escrever.
A mesa 6 teve a maior atração da Flip 2011, o português valter hugo mãe (minúsculo como ele mesmo escreve) e a argentina Pola Oloixarac. Enquanto valter emocionou a todos ao ler uma carta onde declarou seu amor pelo Brasil e arrancou gargalhadas com suas tiradas engraçadas, Pola entediou e foi ofuscada pelo carisma de valter. O livro de lançamento de valter é “a máquina de fazer espanhóis” e ele disse que o momento de escrever para ele é o momento de salvação. Contou que foi convidado para dormir na cama de Fernando Pessoa e que não gostou, porque a cama é estreita e dormiu mal.
A mesa 8 teve o irreverente Ignácio Loyola Brandão, com Contardo Calligaris, substituindo Antonio Tabucchi. Loyola arrancou risos da plateia com seus causos. Disse que às vezes escreve crônicas com ódio e que observa tudo ao seu redor. Falou que existem nomes que destroem os personagens e mostra seu caderninho onde anota nomes excêntricos, de pessoas que conhece. Disse que a crônica é um olhar sobre o mundo e que toda história tem um pouco de autobiografia. O personagem é aquilo que o autor gostaria de ser. Por isso Loyola faz ficção.

Por: Denise Constantino
Foto: Carmen Amazonas

FLIP 2011 - IMPRESSÕES

A 9ª edição da FLIP fez jus às edições anteriores: nota 10! E continua crescendo. Este ano, os parceiros, patrocinadores e apoiadores tiveram um espaço (estandes) e ofereceram agrados ao público. A Folha de São Paulo distribuiu café e jornal em seu estande próximo às tendas. No seu outro espaço, Casa Folha, ofereceu saraus, palestras com nomes de destaque, como Ferreira Gullar, vinho e café. O estande da CPFL Energia ofereceu um espaço simpático, com poltronas e transmissão ao vivo das palestras em aparelho de TV. O estande da Petrobrás ofereceu redes e a Suzano Papel e Celulose apresentou um novo papel, denominado Pólen, que promete maior nitidez e claridade das letras, com o slogan: “você pode ler mais”. A Casa SESC ofereceu uma programação intensa: vídeos, exposição, lançamento da revista Palavra, do catálogo Tempo de Almanaque, apresentação da Banda de Congo Panela de Barro, bate-papo com os vencedores do Prêmio SESC de Literatura 2010 e Cristóvão Tezza, sarau com os vencedores do Prêmio Off Flip 2011. A Off Flip, como todo ano, ofereceu uma programação ampla, com conversas literárias, saraus, música, maracatu, em vários espaços de Paraty. Destaque para os acadêmicos do Ateneu Angrense de Letras e Artes, José Mário dos Santos e Ednéa Pascoal. Os eventos na Casa de Cultura foram bons, o que prejudicou foi a falta de organização, devido à fila enorme e à demora para entrada do público. Fiquei espantada com a falta de educação das pessoas que ao mesmo tempo em que pareciam intelectualizadas, demonstraram ter total descompostura, passando a frente das pessoas que estavam cansadas de ficar na fila. Dentre as atrações, destaco Literatura em Língua Portuguesa: caminhos abertos, onde se discutiram o panorama da tradução das obras brasileiras em outros países. O melhor mesmo foi a palestra de José Paulo Cavalcante, autor de Fernando Pessoa – uma quase autobiografia, que escreveu após uma grandiosa pesquisa sobre o poeta português. José Paulo encantou o público contando seus percalços durante a pesquisa e curiosidades sobre a vida de Fernando Pessoa.

Por: Denise Constantino
Foto: Carmen Amazonas

terça-feira, julho 12, 2011

CONSULTORIA SUSTENTÁVEL NA COSTA VERDE NEGÓCIOS 2011



      A Costa Verde Negócios teve este ano um serviço agregado mostrando que está engajado na qualidade e na sustentabilidade. Trata-se da consultoria sustentável fornecida pela Fiel Produções de Mariane Arantes e SPAsophia Cultura & Arte de Carmen Amazonas, que orientaram o recolhimento dos resíduos produzidos durante o evento. Foram espalhados diversos banners informativos sobre o consumo consciente e ações sustentáveis na praça de alimentação, além de containers para resíduos recicláveis e não-recicláveis fornecidos pela Secretaria de Meio Ambiente, o que geraram diversos comentários positivos e elogios tanto dos expositores quanto dos visitantes. Os expositores foram orientados quanto ao compromisso da Costa Verde Negócios com a sustentabilidade e receberam caixas para coleta de resíduos secos. Seis catadores de resíduos fizeram o serviço de coleta. Um carrinho denominado Jabiranga, construído pelo Sr. Geraldo, líder dos catadores, ficou estacionado próximo à tenda e acolheu, junto ao recipiente montado todos os resíduos recolhidos. A Secretaria de Meio Ambiente também forneceu 4 monitores para ajudar nas orientações. O resultado de todo serviço foi o recolhimento de 70 litros de óleo e 1 tonelada de resíduos, sendo 800 kg de resíduos recicláveis e 200 kg não-recicláveis. Os resíduos recicláveis foram doados aos catadores para venderem às fabricas de reciclagem, garantindo-lhes assim, uma geração de renda. Outro resultado positivo foi a promessa de doação dos banners utilizados na feira pelos expositores, que serão transformados em bolsas e serão oferecidas aos comerciantes. A Consultoria Sustentável doou um espaço em seu estande para As Vermelhas, grupo de mulheres de Praia Vermelha, Ilha Grande, que desenvolvem um trabalho de reaproveitamento de óleo para fazer sabão e fazem bolsas a partir de banners, visando a preservação do meio ambiente, o que vai ao encontro dos propósitos da SPAsophia Cultura & Arte e Fiel Produções, neste momento em que o mundo clama por uma nova ordem, a sustentabilidade. 

AS VERMELHAS

terça-feira, julho 05, 2011

FIM DE SEMANA ECLÉTICO

O próximo fim de semana será movimentado na região da Costa Verde: Angra dos Reis, Ilha Grande, Paraty. Começando dia 6/7/11, tem a Feira de Negócios da Costa Verde, na Praia do Anil, para quem quiser dar uma volta entre estandes comerciais diversos, assistir palestras e participar de promoções que sempre acontecem. A SPAsophia Cultura & Arte estará presente com a consultoria sustentável, para a correta gestão dos resíduos, com a coleta seletiva e a conscientização do consumo ecologicamente correto, em parceria com a Fiel Produções. Para quem curte literatura e ver gente de todas as partes do mundo, neste mesmo dia também começa a FLIP, em Paraty, que neste ano homenageia Oswald de Andrade e terá no show de abertura, Elza Soares. No dia 7/711, na Ilha Grande, para os amantes da música, tem o Festival de Música, tradicional de todo ano, que terá no sábado a cantora Gal Costa. 
BOA DIVERSÃO!