SPAsophia
Este é um espaço destinado ao lazer e bem estar de nossa mente, onde podemos dialogar sobre assuntos relacionados à cultura, arte, filosofia e atualidades, para o engrandecimento de nosso conhecimento e espírito.
segunda-feira, dezembro 05, 2016
TRANSFORME-SE
Na metáfora da borboleta passamos a vida...
Na quinta-feira dia 17 de dezembro de 2015 formos às ruas com os amigos na INTERVENÇÃO TRANSFORME-SE.
Idealizar e produzir são para mim o ar que respiro...
Foi emocionante unir-se a cada um deles: ATORES, AMIGOS... Como é bom ver o esforço, dedicação e profissionalismo de todos, ao estarem ali com responsabilidade e compromisso. Surpreendente e lindo. A pequena Heloísa Mendes deu show, esbanjou talentos e habilidades. Foi possível ver o brilho no olhar deles ao se ajudarem, a cooperarem um com o outro para que tudo desse certo, ou melhor, estava tudo tão certo, tão compassado, harmonioso que simplesmente fluiu. Uma construção perfeita... feita de coluna e tijolos e que hoje vejo surgir não uma, mas várias edificações onde cacos e pedaços se juntam para dividir e multiplicar.
Entre a dor e o amor muitas vezes escolhemos a dor, embora o amor nos convide a todo tempo a transmutar as aflições e intempéries da vida. Aceitar-se e aceitar o caminho é render-se à própria alma e aos propósitos de uma existência de infinitas possibilidades. Há no caminho superação de dor, perdão, medo, renúncia, humildade, cura e amor. Ao libertar o ser contido nas entranhas de si mesmo damos ouvidos e asas à alma. Ela grita por uma escolha, por um ideal, onde “um” somos todos.
A dor no silêncio e a paz no cântico das religiões
Ao som do bumbo e no silêncio gritante do ator Samuel Lopes era possível sentir a dor em forma de paz...
Um homem me abordou. Ele está representando Jesus? Eu respondi... o senhor entendeu dessa forma? Então assim ele é para o senhor. E é dessa forma que entendo todo esse trabalho que envolveu a unificação das religiões se fazendo vivas em uma só voz. Na suavidade do balé da flor de lótus representada pela atriz Juliane Bullé , onde a flor símbolo de tanta fé e espiritualidade mostra que não importa a lama, as guerras, os gritos, as angustias e desavenças. É possível florescer, resgatar o homem da miséria da alma para que a miséria humana possa ser superada. Não importam nomes, crenças, tempo ou espaço, o importante é o que o coração é capaz de sentir e fazer para que cada um se torne melhor, deixando o passado no passado e seguindo sem o tempo.
A água do Rio nunca é a mesma...
Um rio correu pelas ruas dando vida e leveza a tudo que o cerca. O rio, muitas vezes nos chama, seguimos pelo barulho das águas ao chocar-se em rochas. É deslumbrante... nos fascina... mas, ao chegarmos ao rio é preciso atravessá-lo e conquistar a montanha que só vemos quando temos a coragem de chegar ao outro lado da margem. E o alto da montanha reserva surpresas ainda maiores.
O fogo transforma ...
O Jovem Matheus encantou ao ir para a rua transformando os olhares a cada momento em que o fogo era cuspido ... expurgando ali preconceitos, ira, raiva, ódio, desamor, indiferença, rancor, desprezo, culpas, medo, tristeza, miséria, violência, melancolia, solidão, egoísmo, inveja; transformando toda dor em luz. Em um mundo de tantas angústias, um momento de reflexão, alegrias e muita emoção.
A natureza viva...
Tigre, macaco, cão e gato... a perfeição nas expressões da atriz Letícia Mendes , representando o Pavão, considerado uma divindade entre muitas religiões.
Fada, Elfo... a natureza que os olhos não veem... levemente livres.
E a borboleta com sua metáfora de transformar... fazendo acordar o planeta.
Punks tiveram a liberdade de gritar...
Ruas... meninas nas ruas
Delicado momento... três jovens atrizes ficaram nas ruas durante horas, para sentir e serem sentidas pelas correrias da rua. Sem dúvida uma das maiores experiências para todos nós. Carol... ali estava ela... uma jovem com tantas histórias que nos fizeram ir às lágrimas e sorrisos sem pressa.
Meu agradecimento especial à parceria de amigo que o CAMINHO trouxe: Ramon Souza . Essa vivência não tem preço. Cada segundo uma surpresa, uma nova emoção e um caminho feito de alegrias e crescimento.
Violino, tambores, cantos...
Agradeço à dedicação e atenção da Cultuar e aos espaços que receberam nossa equipe tão grande. Marcia Small Brasil e o Teatro Municipal Câmara Torres, aoMarcelo Ramos Moreira e equipe Casa Larangeiras e a Casa de Cultura.
A todos que contribuíram de alguma forma mesmo não estando na intervenção. Valeu Denise Constantino da Fonseca
Valeu!!! CIA APÉ – SPAsophia, Grupo Arteiros e TODOSSSSSSSSSSSS OS ARTISTAS QUE LINDAMENTE SE UNIRAM. OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Idealizar e produzir são para mim o ar que respiro...
Foi emocionante unir-se a cada um deles: ATORES, AMIGOS... Como é bom ver o esforço, dedicação e profissionalismo de todos, ao estarem ali com responsabilidade e compromisso. Surpreendente e lindo. A pequena Heloísa Mendes deu show, esbanjou talentos e habilidades. Foi possível ver o brilho no olhar deles ao se ajudarem, a cooperarem um com o outro para que tudo desse certo, ou melhor, estava tudo tão certo, tão compassado, harmonioso que simplesmente fluiu. Uma construção perfeita... feita de coluna e tijolos e que hoje vejo surgir não uma, mas várias edificações onde cacos e pedaços se juntam para dividir e multiplicar.
Entre a dor e o amor muitas vezes escolhemos a dor, embora o amor nos convide a todo tempo a transmutar as aflições e intempéries da vida. Aceitar-se e aceitar o caminho é render-se à própria alma e aos propósitos de uma existência de infinitas possibilidades. Há no caminho superação de dor, perdão, medo, renúncia, humildade, cura e amor. Ao libertar o ser contido nas entranhas de si mesmo damos ouvidos e asas à alma. Ela grita por uma escolha, por um ideal, onde “um” somos todos.
A dor no silêncio e a paz no cântico das religiões
Ao som do bumbo e no silêncio gritante do ator Samuel Lopes era possível sentir a dor em forma de paz...
Um homem me abordou. Ele está representando Jesus? Eu respondi... o senhor entendeu dessa forma? Então assim ele é para o senhor. E é dessa forma que entendo todo esse trabalho que envolveu a unificação das religiões se fazendo vivas em uma só voz. Na suavidade do balé da flor de lótus representada pela atriz Juliane Bullé , onde a flor símbolo de tanta fé e espiritualidade mostra que não importa a lama, as guerras, os gritos, as angustias e desavenças. É possível florescer, resgatar o homem da miséria da alma para que a miséria humana possa ser superada. Não importam nomes, crenças, tempo ou espaço, o importante é o que o coração é capaz de sentir e fazer para que cada um se torne melhor, deixando o passado no passado e seguindo sem o tempo.
A água do Rio nunca é a mesma...
Um rio correu pelas ruas dando vida e leveza a tudo que o cerca. O rio, muitas vezes nos chama, seguimos pelo barulho das águas ao chocar-se em rochas. É deslumbrante... nos fascina... mas, ao chegarmos ao rio é preciso atravessá-lo e conquistar a montanha que só vemos quando temos a coragem de chegar ao outro lado da margem. E o alto da montanha reserva surpresas ainda maiores.
O fogo transforma ...
O Jovem Matheus encantou ao ir para a rua transformando os olhares a cada momento em que o fogo era cuspido ... expurgando ali preconceitos, ira, raiva, ódio, desamor, indiferença, rancor, desprezo, culpas, medo, tristeza, miséria, violência, melancolia, solidão, egoísmo, inveja; transformando toda dor em luz. Em um mundo de tantas angústias, um momento de reflexão, alegrias e muita emoção.
A natureza viva...
Tigre, macaco, cão e gato... a perfeição nas expressões da atriz Letícia Mendes , representando o Pavão, considerado uma divindade entre muitas religiões.
Fada, Elfo... a natureza que os olhos não veem... levemente livres.
E a borboleta com sua metáfora de transformar... fazendo acordar o planeta.
Punks tiveram a liberdade de gritar...
Ruas... meninas nas ruas
Delicado momento... três jovens atrizes ficaram nas ruas durante horas, para sentir e serem sentidas pelas correrias da rua. Sem dúvida uma das maiores experiências para todos nós. Carol... ali estava ela... uma jovem com tantas histórias que nos fizeram ir às lágrimas e sorrisos sem pressa.
Meu agradecimento especial à parceria de amigo que o CAMINHO trouxe: Ramon Souza . Essa vivência não tem preço. Cada segundo uma surpresa, uma nova emoção e um caminho feito de alegrias e crescimento.
Violino, tambores, cantos...
Agradeço à dedicação e atenção da Cultuar e aos espaços que receberam nossa equipe tão grande. Marcia Small Brasil e o Teatro Municipal Câmara Torres, aoMarcelo Ramos Moreira e equipe Casa Larangeiras e a Casa de Cultura.
A todos que contribuíram de alguma forma mesmo não estando na intervenção. Valeu Denise Constantino da Fonseca
Valeu!!! CIA APÉ – SPAsophia, Grupo Arteiros e TODOSSSSSSSSSSSS OS ARTISTAS QUE LINDAMENTE SE UNIRAM. OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Só o amor, muda o que já se fez E a força da paz junta todos outra vez Venha, já é hora de acender a chama da vida E fazer a Terra inteira feliz ( Roupa Nova - versão Heal the World - Michael Jackson)
Por Carmen Amazonas
Por Carmen Amazonas
terça-feira, novembro 29, 2016
segunda-feira, outubro 31, 2016
Bruxas
Eu vou ao jardim de
minha casa com o meu livro de alquimia, é dia das bruxas e eu sei que o contato
com a natureza desperta minha imaginação. Sento-me debaixo de uma árvore e logo
começo a sentir o vento suave bater em meu rosto. O vento vai acalmando minha mente,
refrescando-a e deixando-a mais leve. Até que começo a ouvir barulhos. Algo
esbarra pelas folhas das árvores e cai descompensado no chão. Eu olho espantada.
Você, você, sempre você (risos). Sensibilidade minha amiga coruja atrapalhada.
Nisso chega a coruja Razão. “Ai, ai ela não consegue fazer um pouso sem bagunçar
tudo. Olha, tem folhas espalhadas por tudo que é canto”. (risos)
Eu abro o livro de
alquimia.
Vamos ao Mundo das
Bruxas, meninas.
Sensibilidade logo se
emociona... fica aflita, ansiosa e Razão põe-se a pensar. “Não seria perigoso
menina Sophia?” O livro fica no chão... aberto em cima das folhas e de repente
o tempo para... o ar acalma-se e uma luz surge... e o jardim transforma-se em
uma frondosa floresta. Eu apareço em uma vassourinha e um com lindo chapéu de
bruxa. Razão e Sensibilidade me acompanham. Tudo parece mais brilhante, as
cores têm tons vivos. Eu caminho pela floresta e as flores sorriem, dançam ao
som dos pássaros e o bater das asas das borboletas.
Há olhos por todas as
partes entres as folhas. Razão logo fala: “acho que deveríamos voltar”. Sophia
e Sensibilidade nem ouvem, estão tão encantadas com tudo.
Na beira de um riacho
eu vou beber um pouco de água e então surge um menino. “Olá!!! Eu sou Caiá, sou
guardião desse rio”.
A água é capaz de
transformar todo ser do mundo onde você se encontra e as pessoas ainda
desconhecem o poder dessa magia. Elas não se recordam, mas o poder da energia
da água é capaz de transformar a Terra. Durante alguum tempo as pessoas
acreditavam que a água estava acabando. Que esses recursos seriam escassos e
que a população acabaria por sua falta. O que demoraram a entender é que a água
que consumimos é energia viva e está dentro de nós. O homem precisou aprender a
respeitar a ele mesmo, a aceitar-se e então ele foi capaz de entender que nada
é escasso, mas transformado, recriado, reinventado, imaginado.
Vou acompanhá-las nessa
aventura que tal mergulharmos nas águas do rio? Agora poderemos entender melhor
sobre seu mundo e quem realmente são as bruxas.
Caiá, eu, Razão e
Sensibilidade mergulham nas águas do Rio.
Uma corrente de água
muito forte nos roda em espiral e nos leva para a idade média, tempo da
perseguição as bruxas. As cores são diferentes, escuras, o cheiro no ar é ruim,
desconfortante, incomoda. Nós seguimos pelas ruas, nossas roupas são outras,
esfarrapadas, como na época e nossas fisionomias um pouco diferente. Eu e Caiá
estamos semelhantes aos povos. Logo nos identificamos como partes de famílias
da localidade. Eu sou filha de uma bruxa poderosa capaz de curar as pessoas
através de energia. E Caiá vem de uma família de curandeiros que usam as ervas
e os rios para tirar o mal das pessoas. Nós dois somos muito amigos e temos
sempre duas corujas que nos acompanham. Em um mundo de dualidade como a Terra,
eu e Caiá nos vemos envolvidos em sofrimento e perseguição. Há bruxas e bruxos
por todas as partes, bons e ruins. O bruxo Gandom considerado por todos um dos
piores bruxos já existentes vive à espreita atrás de nós.
Gandom:
Olá, crianças, como vão? Sei que vocês adoram brincar de ser pequenos
alquimistas. Que tal aprenderem algumas coisinhas comigo?
Eu e Caiá arregalamos
os olhos e dizemos: “não, obrigada”.
Porém, Gandom insiste
em apresentar-nos a magia e nos dois, mesmo assustados, acabamos ficando ali
parados diante do esperto bruxo, que começa a contar-nos uma história. Eu
escolhi estar aqui para disseminar a energia da sombra e vocês dois têm o livre
arbítrio de poder ser meus parceiros. Com um olhar assustador ele nos diz: “imaginem nós três dominando o mundo
da magia unindo nossas energias”. Nós apenas mexemos os olhos, olhando um para
o outro e nos sentimos presos, com medo de correr e seremos capturadas pelo
bruxo. Ele segura nossa mão ... o ar começa a ficar pesado, um cheiro forte
toma conta do lugar. O medo, o medo, o medo... Nós estamos muito assustados.
Porém, nos entreolhamos
e uma força começa a nos mover. O vento sopra, as corujas aparecem sobrevoando
o local desconcentrando Gandom e então conseguimos correr e escapar ao menos dessa vez do sábio bruxo.
Chegamos em casa. __Mãe,
mãe...
“Crianças o que houve
com vocês?”
“Gandom, dona Willy,
ele nos perseguiu e queria nos levar com ele. Disse que deveríamos ser bruxos
como ele. Não quero ser bruxo, dona Willy.”
“Nem eu mãe, os bruxos
são maus e os bons são sempre perseguidos”.
Willy:
Crianças, sentem-se aqui, irei contar uma história para vocês
Há muito tempo a
humanidade foi criada e trouxe dentro dela a magia. Essa magia interage com a Terra
e um dia todos se lembrarão disso. Gandom certamente escolheu vir a esse mundo
com o dom do mal para que todos que o cercam possam escolher entre o bem e o
mal. Nossa essência é sempre divina, livre das dualidades e ao virmos a Terra
escolhemos viver a dor, o sofrimento, a tristeza, as angústias e perseguições
para que então através da escuridão possamos encontrar o verdadeiro sentido da
luz de onde todos vieram, e entender a serenidade, a paz, a felicidade e os
dons que temos. Todos nós temos dons e
devemos usá-los a nosso favor, em favor do outro e da Terra. Esses dons estão
na paciência, na tolerância, na alegria, no amor a si mesmo, no amor
incondicional e no respeito a tudo e a todos. Essa é a verdadeira magia. Transformar
o dia a dia no agora.
Eu, Caiá, Razão e
Sensibilidade saímos do rio e ofegantes, voltamos à floresta.
Sentamos às margens do
rio onde há salamandras, borboletas, passarinhos. Tudo ali tem vida, folhas,
árvores, flores. Os pequenos olhos que havia entre as folhas começam a se
revelar e então aparecem fadas, entre elas Sopro, a fada do vento.
Sopro:
Olá, Sophia
“Você aqui!”
“Eu estou em toda a
parte e você acha mesmo que eu iria perder um papo sobre bruxa, sendo uma fada
linda e poderosa como eu sou?”.
“Sei, Sopro (Sophia
ri), sempre engraçada com esse seu olhar de sabe tudo”.
Sopro:
Sei mesmo... (e ri).
“Menina Sophia, Gandom
está aqui entre nós, vive na floresta, mas em sua essência é um poderoso bruxo
de luz e compartilha com as crianças suas magias e as transforma em alquimistas
capazes de chegar a Terra prontos para o novo tempo de paz, alegrias e magia”.
segunda-feira, agosto 01, 2016
A CHAMA DA 14ª FLIP - FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY
Três fatores marcaram a
FLIP em 2016: a crise econômica (que já tinha sido percebida em 2015), as polêmicas
e os protestos. A crise econômica, que já é verbete batido há vários meses, foi
notada, principalmente, na programação principal. A Flipinha, por exemplo, não
teve direito a uma tenda para sua programação, como teve nos anos anteriores,
resumiu-se a um modesto palco ao ar livre e lonas no gramado para o público se
ajeitar. O show de abertura, que já recebeu grandes nomes da música brasileira
e que ano passado já tinha mostrado sinais de redução, esse ano resumiu-se a um
sarau, com declamações de poesias de conteúdos atuais e polêmicos. A crise,
essa ingrata, pode ter sido também motivo para o menor número de visitantes, o
que de certa forma, contribuiu para que a pequena Paraty não ficasse tão
congestionada. As polêmicas giraram em torno da falta de negros na tenda dos
autores e no exibicionismo desnecessário da escritora brasileira Juliana Frank.
Os protestos focaram na política brasileira, com constantes evocações de “Fora
Temer”, ladainha repetida durante toda a Flip 2016, que aconteceu nos dias 29
de junho a 3 de julho de 2016.
Esse ano, a curadoria continuou nas mãos de Paulo Werneck
e a autora homenageada foi a pouco conhecida Ana Cristina César, que além de
escritora, poetisa, foi tradutora e professora de inglês e se suicidou em 1983,
com apenas 31 anos. Para a felicidade dos que aproveitam mais as programações
das casas parceiras espalhadas pela bucólica Paraty, além das Casas Folha,
Instituto Moreira Sales (IMS), Literária Gastronômica (SENAC), Rocco, Casa
Cais, Casa da Liberdade, Libre e Nuvem de Livros, SESC, Clube dos Autores,
ganhamos mais duas casas: Shakespeare House e Espaço Itaú Cultural de
Literatura e também a volta de Thelma Guedes e Newton Cannito com a Nau dos
Insensatos substituindo a Casa dos Autores Roteiristas, já ausente ano passado.
A Nau ofereceu palestras com temáticas sobre a loucura, homenageando a
escritora Maura Lopes Cançado. Já a Casa Libre focou em palestras sobre
violência, em todas suas nuances e a Casa da Liberdade se ateve a bate-papos
sobre política e economia, com direito a bate-boca. As atrações foram fartas,
tornando a escolha difícil. Relato aqui um pouco do que vi e do que li e sei
que aconteceu.
No primeiro dia, 29 de junho, nem todas as casas
funcionaram. Somente a tenda dos autores, Itaú Cultural e a ótima Casa
Gastronômica SENAC com o Cozinhando com Palavras, a opção mais deliciosa,
literalmente. O Senac iniciou seus trabalhos com a história do vinho e oficina
de canapés, bem propício. Na tenda dos autores, na palestra de abertura, Ana C.
foi pouco mencionada e o show de abertura deu lugar ao Sarau da Flip, muito bem
comandado por Roberta Estrela D’Alva, figura constante em Poetry Slam, onde a
poetisa Mel Duarte agradou a todos com uma poesia manifesto contra o machismo e
o racismo. Entre uma poesia e outra, a palavra de ordem foi “Fora Temer”.
Na quinta-feira, dia 30 de junho, as casas começaram a
ferver com atividades irresistíveis e imperdíveis. Nessa hora, gostaria de
poder me multiplicar em dez. No Cozinhando com Palavras, nos serviços de
sanduíches especiais, mais vinhos, doces e tortas. No SESC, oficinas
literárias. Na Igreja da Matriz, a atriz Carol Castro interpretou a imperatriz
Leopoldina no concerto “Cartas da Imperatriz”. Na Nau dos Insensatos, Leona
Cavalli encantou com o Elogio da Loucura. Na tenda dos autores, Caco Barcellos
foi destaque em mesa que discutiu o tráfico de drogas sob as lentes do
jornalismo. O queridinho das lentes, autor de Trainspotting, Irvine Welsh
fechou a noite falando sobre sua carreira literária. Na Casa de Cultura, sob a
programação da Flipinha, Lázaro Ramos falou na Ciranda dos Autores e mais
tarde, na Praça da Matriz, participou de um bate-papo com Gregório Duvivier e
Maria Ribeiro no “Você é o que lê”. No IMS, Adriana Calcanhoto, Eucanãa Ferraz,
Alice Sant”Anna e outros leram trechos das obras da homenageada Ana C. Para
fechar a noite, nada melhor do que a boemia da Casa Folha, que ofereceu música
animada e vinho para o público afoito por diversão. E para delírio dos fãs,
igual a mim, Adriana Calcanhoto visitou a Casa e nos brindou com “Vem Embora”.
Cantou a única e foi embora, tentando se equilibrar sobre as pedras das ruas de
Paraty, sendo apoiada pelo amigo Eucanãa Ferraz.
No 3º dia, a programação principal iniciou os trabalhos
com Benjamim Moser e Kenneth Maxwell, falando sobre a cultura brasileira,
incluindo o cenário atual. Depois J. P. Cuenca falou sobre seu mais novo
projeto, o filme que fala sobre sua morte. Na Casa SESC, não pude perder o
maravilhoso Edney Silvestre em conversa no Café Literário sobre a influência do
olhar particular do autor sobre mundo em suas obras. Mais tarde, Matheus Nachtergaele
recitou textos de sua mãe falecida, que aconteceu no novo espaço do SESC em
Paraty. No mesmo horário, aconteceu o bate-papo com os vencedores do Prêmio
Sesc de Literatura. Para fechar a noite, mais animação com o grupo Mistache
& os Apaches, no palco do SESC Santa Rita. A Casa Rocco recebeu Irvine
Welsh e ofereceu-lhe uma festa concorrida, onde o número de convidados não
batia com a capacidade de público no local. Tudo regado a uma boa cachaça
paratiense. Na Nau dos Insensatos, Paulo Betti relatou sua experiência com o
pai esquizofrênico.
No quarto dia, penúltimo dia da Flip, a Casa Rocco
recebeu Frei Beto em uma concorrida palestra, onde falou sobre a literatura em
tempos de crise. Na tenda dos autores, aconteceu a mais badalada palestra da
programação principal, o encontro de Benjamin Moser, biógrafo de Clarice
Lispector e Heloisa Buarque de Hollanda, que incentivou a carreira de Ana
Cristina César. Falou-se sobre as peculiaridades e semelhanças de cada
escritora. No mesmo dia, Benjamin se dividiu entre a Casa Folha e a Casa Rocco. A Casa Folha, pela manhã,
recebeu Ruy Castro, com espaço lotado. No SENAC, o chef André Boccato comandou
a cozinha que serviu café, caldinho de feijão e ceviche, fechando a noite. No
SESC, noite de encerramento do Prêmio Off Flip, recebendo seus vencedores. A
Casa Cais recebeu a ilustríssima Pilar Del Río, musa de Saramago. A FlipMais,
na Casa de Cultura ofereceu uma conversa com Caco Barcellos para falar sobre os
10 anos do Profissão Repórter. Também super concorrido. Na Nau dos Insensatos,
Utopias e Profecias, onde se falou sobre a vibração do tempo e sobre a forma
que o povo Maia lidava com o tempo. À noite, sarau com música de raiz
afro-brasileira e declamação de poesia ao som de tambor por Leona Cavalli, que
no final, levou todo o público para o lado de fora e na Praça da Matriz, todos
dançamos e cantamos de mãos dadas em um grande círculo. A Pousada do Príncipe
aderiu ao clima da Flip e promoveu em seu restaurante, o lançamento do livro “O
Mundo é um Palco”, em homenagem aos 400 anos da morte de Shakespeare. Trata-se
de uma coletânea de textos escritos por autores que leem o famoso bardo, como:
Pedro Bial, Fernanda Montenegro, Joaquim Falcão e outros, onde os temas traçam
um paralelo entre o momento atual do Brasil às tragédias Shakesperianas, que
atravessam séculos.
No
5º e último dia, um domingo ensolarado, as Casas parceiras, em sua maioria,
encontravam-se fechadas. Ao passar em frente, sentia-se o cheiro da ressaca
literária e erudição. A Casa Gastronômica do Senac, Casa Folha e Casa de
Cultura, com FlipMais, deram o último suspiro. Na primeira, homenagem à
gastronomia de Paraty; A segunda recebeu Zeca Camargo para falar que “Paris
Nunca Acaba”. A Tenda dos Autores encerrou seus trabalhos mais cedo do que nos
anos anteriores com o tradicional “Livro de Cabeceira”.
Inegavelmente
e decididamente nada, nem a “malvada” e “intragável” crise econômica apaga o
brilho da FLIP, que a faz ser considerada o maior evento literário do país. Que
os deuses da literatura e das artes não deixem nunca que sua chama se apague.
Por: Denise Constantino
terça-feira, novembro 03, 2015
VII Mostra de Teatro Infantil de Niterói
Foi maravilhoso a apresentação de As Aventuras de Sophia em Era Uma Vez... O Musical, no dia 31/10/15 no Teatro Popular Oscar Niemeyer, em Niterói, onde fomos contemplados por um público participativo e alegre. Agradecemos imensamente à organização do evento e ao pessoal do teatro, que foram muito atenciosos e receptivos.
sexta-feira, outubro 30, 2015
As Aventuras de Sophia em Era Uma Vez em Niterói
As Aventuras de Sophia em Era Uma Vez... O Musical está indo longe. Após apresentar-se em 22 e 23 de agosto e 24 e 25 de outubro
de 2015, no Teatro Municipal Câmara Torres, o espetáculo foi selecionado para participar no 12º Festival de Teatro de Duque de Caxias e apresentou-se no dia 10 de outubro, no Teatro Raul Cortês para um público de 400 pessoas. A receptividade e o entusiasmo do público mirim foram motivadores e emocionou produção e elenco.
Já no dia 31 de outubro de 2015, Sophia e sua trupe se apresentará no Teatro Popular Oscar Niemeyer, no Espaço Niemeyer, em Niterói, participando da 7ª Mostra de Teatro Infantil de Niterói e concorrendo a prêmios de melhor espetáculo, melhor ator e atriz, melhor trilha sonora e outros quesitos. Vamos torcer.
quarta-feira, outubro 07, 2015
AS AVENTURAS DE SOPHIA EM ERA UMA VEZ... DE VOLTA ...
Quem perdeu a estreia do musical As Aventuras de Sophia em Era Uma Vez... em agosto, terá uma nova oportunidade para assisti-lo. Haverá um bis, a pedidos, nos dias 24 e 25 de outubro, às 19h e 18h, respectivamente, no Teatro Municipal Câmara Torres, em Angra dos Reis. Ingressos à venda nas Lojas Dedal Mágico e Integral, no Centro e na Livraria Nobel, no Shopping Pirata's; inteira a 20,00 e meia ou antecipada a 10,00.
Texto: Denise Constantino e Carmen Amazonas
Direção: Maykon Renan
Com: Rafaela Maia, Felipe Santana, Juliane Bulé e Matheus Assis.
Produção: SPAsophia Cultura & Arte.
12º FESTIVAL DE TEATRO DE DUQUE DE CAXIAS
Será no dia 10 de outubro, próximo sábado, às 15h, no Teatro Raul Cortês, a apresentação de AS AVENTURAS DE SOPHIA EM ERA UMA VEZ... O MUSICAL, selecionada para o 12º Festival de Teatro de Duque de Caxias, concorrendo a premiações como: melhor espetáculo, melhor diretor, melhor figurino, melhor cenário, melhor ator, melhor atriz, atriz e ator coadjuvante, melhor iluminação e melhor maquiagem.
Merda para nós!
terça-feira, agosto 25, 2015
AS AVENTURAS DE SOPHIA EM ERA UMA VEZ... O MUSICAL
Um dia sonhei com uma menina... Linda, espevitada, cheia de manias. Ela gostava de voar em seus pensamentos, descobrir novas histórias através dos livros e das pessoas e cantar como em um sonho...
Durante alguns anos ela mostrou traços de sua materialização, ganhando forma. Então, surgiram pequenas aventuras e travessuras rabiscadas por Denise. Seus traços se formaram... seus cabelos foram os últimos a se encontrarem... de cacheados viraram lisos... E então ganhou uma rosa para enfeitá-los. Em pequenos livretos foi se mostrando menina... esperta, curiosa, inteligente e encantada por mistérios e aventuras. Mas ela ainda precisava de mais... precisava de vida... precisava falar... queria cantar...
E então no meio do caminho... surge Rafaela... uma tentativa daqui... outra dali.... e nada... Cabeção de isopor... maquiagens... mas ainda faltava algo... Nada!!! Então pedi À Rafaela para ser a menina... aquela menina dos traços... Nossa!!! Como assim! Tentamos tantas coisas. De repente... olhamos e lá estava a Sophia... mas era a Rafaela... mas era a Sophia. E ela começa a cantar...
Até que o sonho pôde enfim ser dividido... Denise escreve, eu colaboro com a escrita e produzo e depois assisto. Rafaela canta, dança, atua. Ah!!! A maquiagem, ela também faz. Maykon dirige com MÉRITO. Ramon faz o som soaaaaaaaarrrrrrrr. Lincoln é o contra-regra impecável e implacável. Gustavo faz a luz brilhar... São todos anjos...
E as “crianças” surpreendem a todo tempo: Matheus arranca gargalhadas com seu Pinóquio sem noção; o meigo príncipe Thiago; o lobo bobo, Paloma, conquista as crianças;
Juliane, divina e surpreendente atriz bailarina; Felipe... superação, crescimento e vontade fazem de DOM DOM Quixote um herói divertido.
Rafaela... Você acreditou em meus sonhos e me fez acreditar que era possível. Sua simplicidade e talento fazem de você uma figura ímpar e muito especial. Você me fez acreditar em você e juntas trouxemos amigos, anjos e pessoas com talentos incríveis que nos fizeram sonhar... acordados; juntos por uma realização tão mágica que está apenas começando.
Sidiney Rocha... Você foi tudo. Seremos eternamente gratos por nos ajudar com seu talento, profissionalismo e sua lindaaaaaaaaaaa equipe de trabalho. Valeuuuu Manhães, Chiquinho e toda equipe. CENÁRIO E FIGURINO DE SONHOS...
Sophia chega ao palco com cheiro de magia... daquelas que fazem crianças e adultos sentirem que é possível sim SER CRIANÇA... encantar-se, sorrir e chorar com um musical feito de amor, amigos, talentos e MUITAS BRINCADEIRAS.
DIVIDIR PARA MULTIPLICAR...
(Carmen Amazonas)
O texto acima resume toda a emoção que sentimos após as 3 apresentações do musical As Aventuras de Sophia em Era Uma Vez, que aconteceu nos dias 21, 22 e 23 de agosto no Teatro Municipal de Angra dos Reis. E a emoção não foi somente nossa, que escrevemos, produzimos e realizamos o espetáculo, foi percebido claramente no público que foi prestigiar, tanto adultos quanto crianças. Foi surpreendente, motivador. A personagem Sophia - A Pensadora, criada por nós (Carmen Amazonas e Denise Constantino) tornou-se a pupila de nossos olhos, nosso orgulho, e adorada por quem a vê em ação. Parabéns Rafaela Maia, nossa Sophia. Parabéns Felipe Santana por seu Dom Quixote. Parabéns Juliane Bullé pela adorável Branca de Neve. Parabéns Paloma Amorim pelo seu lobo "bobo". Parabéns Thiago Nagae por seu singelo príncipe. Parabéns Matheus Assis por seu divertido e engraçado Pinóquio. Parabéns Lincoln Glauber por seu impecável trabalho como contra-regra. Parabéns Ramon Souza pelo trabalho no som e parabéns especiais pela ótima direção, Maykon Renan. Sem você, a peça não teria esse formato que se transformou em sucesso. Parabéns e muito obrigada. E que venham as próximas apresentações.
(Denise Constantino)
quinta-feira, agosto 20, 2015
ENANGRA 2015
A 2ª edição do ENANGRA - Encontro de músicos Latino-Americanos de Angra aconteceu nos dias 05 a 09 de agosto de 2015 sob a produção e curadoria de Carmen Amazonas da SPAsophia Cultura & Arte, acompanhada de longe por Leandro Vieira, o idealizador do evento, que esse ano não pôde se dedicar totalmente por estar se recuperando de uma cirurgia. O evento contou com a presença de músicos e compositores da música folclórica e erudita latina que realizaram oficinas de música e instrumentos musicais na Casa Laranjeira. À noite, no palco do Teatro Municipal Câmara Torres, a música embalou os ânimos do público presente. Na quinta-feira, tivemos a honra de receber a cantora argentina, fundadora do Grupo Raíces de América, Mariana Avena, que fez uma merecida homenagem à Mercedes Sosa, além de cantar Volver a los 17 de Violeta Parra. Na sexta-feira, o grupo Tarancón recebeu convidados como João Arruda, Lino Huaman, Kátia Teixeira e o Grupo Amistad. Muita música, muito som de percussão e muita qualidade. No sábado, para encerrar com chave de ouro, Kátia Teixeira brincou, cantou, falou, encantou e brilhou. Chamou vários convidados ao palco como o Grupo Tarancón e Bárbara Santis do Amistad; mas o ponto crucial e emocionante foi quando chamou Mariana Avena e juntas cantaram a música Los Hermanos. Para finalizar seu show, desceu do palco e junto ao público cantou, enxugou lágrimas, abraçou e deixou saudades.
Por Denise Constantino
Por Denise Constantino
quarta-feira, julho 22, 2015
13ª FLIP - UMA FLIP ENXUTA
Ano passado a culpa foi da Copa. Esse ano, a grande
culpada, vilã, foi a crise econômica e a ordem é economizar, enxugar, cortar,
fazer com menos. Assim, a 13ª edição da Festa Literária Internacional de
Paraty, que homenageou Mário de Andrade, foi realizada no período de 01 a
05/07/15 com menos dinheiro, com menos visitantes, mas não com menos pompa, e
nem deixou de ser o espetáculo de sempre.
Como já mencionei nos anos anteriores, as casas
parceiras, que se espalham pelo Centro Histórico da bucólica Paraty ajudam a
fazer com que o evento, de forma global, seja o maior sucesso. Bem, o grande desejo era estar em todos os
lugares ao mesmo tempo, mas como não foi possível, relatarei o que consegui
assistir. Para começar: “A Qualidade da Alimentação sem sal” na Casa
Gastronômica do SENAC com Filipe Baccarin. Um grande aprendizado sobre os
exageros que cometemos na cozinha. Mais tarde, no dia 1º, às 21h30m em ponto,
Luís Perequê e Dani Lasalvia animaram o público com música brasileiríssima, bem
ao estilo de Mário de Andrade.
No 2º dia, acordei cedo e fui para a fila na Casa Folha
assistir Carlos Heitor Cony com “A Arte do Romance”. Aclamado, entrou carregado
em uma cadeira de rodas e com humor, explicou que estava daquele jeito porque
sofreu uma queda no hotel por ocasião da Feira de Livros de Frankfurt. A
seguir, iniciou sua fala sobre o romance ao longo da história, dizendo que “o
que importa em um romance não é o conteúdo, que é sempre parecido, mas a forma
como é escrito”. Então, citou as similaridades de conteúdo entre as obras: Ana
Karenina, Primo Basílio e Madame Bovary. Após o almoço, circulei pela cidade
explorando os territórios literários em busca de alguma preciosidade. Encontrei
na tenda da Flipinha Luiz Ruffato e Claudio Fragata conversando sobre “Quando a
ficção e a realidade se misturam”. A boca encheu de água, querendo mais e corri
para a Casa Gastronômica onde foi apresentado o livro “Mistura Morena” com a
chef Morena Leite falando sobre as delícias da cozinha brasileira. Após a
degustação, apreciamos um delicioso sarau com a “cantriz” Gisele Tigre, que
reuniu em uma pesquisa, músicas de Mário de Andrade e músicas com temas
gastronômicos. Depois de saciada no Cozinhando com Palavras, quis mais e fui
buscar na programação principal, no telão, a mesa “A Poesia em 2015” com a
jovem poeta portuguesa Matilde Campilho e o poeta carioca Mariano Marovatto.
Depois de ouvir as sábias e empolgantes palavras da jovem Matilde, podemos
dizer que ao contrário do que muitos pensam, a poesia em 2015 continua viva e
sempre existirá. Matilde Campilho afirmou que não tem vergonha de dizer que sua
profissão é poeta e que o importante é ser feliz fazendo o que gosta. Indagada
sobre como a poesia pode ajudar as pessoas nesse momento difícil que estamos
vivendo com conflitos e crises econômicas, a poetisa respondeu que a arte, em
geral, não pode salvar o mundo, mas salva um minuto. Lindo, não? À noite,
tentei assistir Elisa Lucinda declamar poesias na Capelinha, mas a lotação já
estava esgotada. Restou-me visitar a Casa IMS, onde havia um coquetel de
lançamento da exposição fotográfica de Maureen Bisilliat. Depois, ali ao lado,
fui provar o vinho da Casa Folha e ouvir e dançar uma contagiante música,
espremida entre uma multidão de pessoas animadas. Só foram uns aperitivos
enquanto eu aguardava a última palestra da noite, “Do angu ao kaos”, com meu
querido escritor Marcelino Freire, com o qual fiz uma oficina ano passado de
contos, na Casa Sesc. Como companheiro, Marcelino teve o confuso Jorge Mautner.
No 3º dia, depois do desjejum, continuei-o na Casa
gastronômica que ofereceu aos presentes “Café com etc...” com a chef Concetta
Marcelina e Fábio Colombini Fiori e aprendemos mais sobre nosso sempre
companheiro – o café. Para degustar, um delicioso e autêntico Tiramisú. De alma
recheada, às 15h, assisti no telão “As Ilusões da mente”, onde o filósofo e
economista Eduardo Giannetti e o neurocientista Sidarta Ribeiro falaram sobre
as descobertas recentes no campo da neurociência. Inclusive, Sidarta alegou que
estamos próximos de entender o que é e como funciona a consciência. Talvez seja
isso que esteja faltando para sermos pessoas melhores. À noite, às 20h, lá
estava eu na Casa Cais, lutando com uma multidão que se acotovelavam para
encontrar um cantinho no pequeno espaço, tudo para ver a adorável Adriana
Calcanhotto ler as cartas de Mário de Andrade a Manuel Bandeira e vice-versa,
juntamente com Júlio Diniz, entrecortadas pelas canções memoráveis da diva com
seu violão.
No penúltimo dia, resolvi passar uma boa parte na Casa
Off Flip das Letras, onde ouvi uma interessante palestra com João Scortecci
sobre direitos autorais. Só cabulei para às 14h ir à Casa Gastronômica petiscar
um sarau culinário com Gisele Tigre e para saber “Para onde caminha a gastronomia
brasileira?” À noite, fiz uma rápida visita à Casa Sesc para assistir à
Premiação dos ganhadores do concurso literário Off Flip 2015 e regressei
correndo para o Cozinhando com Palavras, onde ofereceram um banquete com a
conversa “Impacto do prêmio Jabuti na criação e promoção literária” com a
mediação de Marisa Lajolo, organizadora do Fórum das Letras de Ouro Preto
recebendo Marcelino Freire, premiado pelo Jabuti na categoria contos em 2006 e
finalista em 2014 na categoria romance, e Roger Mello, escritor e ilustrador,
ganhador de nove Jabutis. Estavam presentes a diretora da Estação das Letras,
Suzana Vargas e os dirigentes da Câmara Brasileira do Livro, organizadores do
Prêmio Jabuti, que fizeram um apelo aos presentes para assinar um livro de
contestação à medida do governo de reduzir a compra de livros para escolas e
bibliotecas.
No último dia, às 10h já estava em frente ao telão para
assistir “Música, doce Música”, uma conversa esclarecedora com o escritor,
crítico e compositor Hermínio Bello de Carvalho e o crítico e escritor José
Ramos Tinhorão. A discussão acalorada começou quando Tinhorão afirmou que a
música de Tom Jobim era imitação de músicas importadas e exemplificou, citando a
semelhança da música “Samba de uma nota só” de Tom Jobim com Mister Monotony de
Judy Garland e ainda chamou a bossa nova de ritmo de goteira. Afirmou ainda que
a verdadeira e autêntica música brasileira, de raiz, tem dificuldade de ser
difundida no exterior. Hermínio discordou terminantemente e defendeu Tom Jobim
e a bossa nova e embora os dois tenham demonstrado ideias totalmente
contrárias, ambos os discursos agradaram o público.
Outras casas parceiras também se destacaram, como a Casa
Rocco que recebeu renomados autores, incluindo Frei Beto. A Casa da Liberdade,
que ofereceu exposição fotográfica e palestras não menos interessantes. A Casa
Libre também não deixou a desejar com sua programação. A Casa Sesc ofereceu uma
programação intensa, inclusive com oficinas de roteiro cinematográfico, criação
literária com Francisco Gregório Filho e uma sobre a arte da crônica. A
Flipzona marcou presença ocupando os jovens por um bom motivo: a arte e a
literatura. A Flipmais, na Casa de Cultura, esse ano foi totalmente gratuita e
além de palestras, ofereceu vídeos da série “Poesia em Movimento” da Philos, de
entrevistas com Eucanaã Ferraz, Arnaldo Antunes e Cleonice Berardinelli, todas
mediadas por Adriana Calcanhotto. Como podem perceber, não faltaram opções para
quem não conseguiu ingresso para a tenda principal e para quem não quis
assistir às mesas gratuitamente pelo telão disponibilizado pela organização.
Não poderia ser diferente dos anos anteriores, a Flip já
deixa saudade. Saudade de ver gente bonita, interessada, esclarecida, engajada;
das conversas durante o desjejum no hotel, em cada esquina, em cada café, em
cada restaurante ou bar sobre o assunto que preenche Paraty durante cinco dias
todo ano: literatura, livros, arte, letras, escritores, mágica, fantasia,
sonhos...
Até ano que vem...
Flip.
Por: Denise Constantino
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