segunda-feira, outubro 31, 2016

Bruxas

31 de outubro de 2017

Eu vou ao jardim de minha casa com o meu livro de alquimia, é dia das bruxas e eu sei que o contato com a natureza desperta minha imaginação. Sento-me debaixo de uma árvore e logo começo a sentir o vento suave bater em meu rosto. O vento vai acalmando minha mente, refrescando-a e deixando-a mais leve. Até que começo a ouvir barulhos. Algo esbarra pelas folhas das árvores e cai descompensado no chão. Eu olho espantada. Você, você, sempre você (risos). Sensibilidade minha amiga coruja atrapalhada. Nisso chega a coruja Razão. “Ai, ai ela não consegue fazer um pouso sem bagunçar tudo. Olha, tem folhas espalhadas por tudo que é canto”. (risos)

Eu abro o livro de alquimia.
Vamos ao Mundo das Bruxas, meninas.
Sensibilidade logo se emociona... fica aflita, ansiosa e Razão põe-se a pensar. “Não seria perigoso menina Sophia?” O livro fica no chão... aberto em cima das folhas e de repente o tempo para... o ar acalma-se e uma luz surge... e o jardim transforma-se em uma frondosa floresta. Eu apareço em uma vassourinha e um com lindo chapéu de bruxa. Razão e Sensibilidade me acompanham. Tudo parece mais brilhante, as cores têm tons vivos. Eu caminho pela floresta e as flores sorriem, dançam ao som dos pássaros e o bater das asas das borboletas.
Há olhos por todas as partes entres as folhas. Razão logo fala: “acho que deveríamos voltar”. Sophia e Sensibilidade nem ouvem, estão tão encantadas com tudo.
Na beira de um riacho eu vou beber um pouco de água e então surge um menino. “Olá!!! Eu sou Caiá, sou guardião desse rio”.
A água é capaz de transformar todo ser do mundo onde você se encontra e as pessoas ainda desconhecem o poder dessa magia. Elas não se recordam, mas o poder da energia da água é capaz de transformar a Terra. Durante alguum tempo as pessoas acreditavam que a água estava acabando. Que esses recursos seriam escassos e que a população acabaria por sua falta. O que demoraram a entender é que a água que consumimos é energia viva e está dentro de nós. O homem precisou aprender a respeitar a ele mesmo, a aceitar-se e então ele foi capaz de entender que nada é escasso, mas transformado, recriado, reinventado, imaginado.
Vou acompanhá-las nessa aventura que tal mergulharmos nas águas do rio? Agora poderemos entender melhor sobre seu mundo e quem realmente são as bruxas.
Caiá, eu, Razão e Sensibilidade mergulham nas águas do Rio.
Uma corrente de água muito forte nos roda em espiral e nos leva para a idade média, tempo da perseguição as bruxas. As cores são diferentes, escuras, o cheiro no ar é ruim, desconfortante, incomoda. Nós seguimos pelas ruas, nossas roupas são outras, esfarrapadas, como na época e nossas fisionomias um pouco diferente. Eu e Caiá estamos semelhantes aos povos. Logo nos identificamos como partes de famílias da localidade. Eu sou filha de uma bruxa poderosa capaz de curar as pessoas através de energia. E Caiá vem de uma família de curandeiros que usam as ervas e os rios para tirar o mal das pessoas. Nós dois somos muito amigos e temos sempre duas corujas que nos acompanham. Em um mundo de dualidade como a Terra, eu e Caiá nos vemos envolvidos em sofrimento e perseguição. Há bruxas e bruxos por todas as partes, bons e ruins. O bruxo Gandom considerado por todos um dos piores bruxos já existentes vive à espreita atrás de nós.
Gandom: Olá, crianças, como vão? Sei que vocês adoram brincar de ser pequenos alquimistas. Que tal aprenderem algumas coisinhas comigo?
Eu e Caiá arregalamos os olhos e dizemos: “não, obrigada”.
Porém, Gandom insiste em apresentar-nos a magia e nos dois, mesmo assustados, acabamos ficando ali parados diante do esperto bruxo, que começa a contar-nos uma história. Eu escolhi estar aqui para disseminar a energia da sombra e vocês dois têm o livre arbítrio de poder ser meus parceiros. Com um olhar assustador ele  nos diz: “imaginem nós três dominando o mundo da magia unindo nossas energias”. Nós apenas mexemos os olhos, olhando um para o outro e nos sentimos presos, com medo de correr e seremos capturadas pelo bruxo. Ele segura nossa mão ... o ar começa a ficar pesado, um cheiro forte toma conta do lugar. O medo, o medo, o medo... Nós estamos muito assustados.
Porém, nos entreolhamos e uma força começa a nos mover. O vento sopra, as corujas aparecem sobrevoando o local desconcentrando Gandom e então conseguimos correr e  escapar ao menos dessa vez do sábio bruxo.
Chegamos em casa. __Mãe, mãe...
“Crianças o que houve com vocês?”
“Gandom, dona Willy, ele nos perseguiu e queria nos levar com ele. Disse que deveríamos ser bruxos como ele. Não quero ser bruxo, dona Willy.”
“Nem eu mãe, os bruxos são maus e os bons são sempre perseguidos”.
Willy: Crianças, sentem-se aqui, irei contar uma história para vocês

Há muito tempo a humanidade foi criada e trouxe dentro dela a magia. Essa magia interage com a Terra e um dia todos se lembrarão disso. Gandom certamente escolheu vir a esse mundo com o dom do mal para que todos que o cercam possam escolher entre o bem e o mal. Nossa essência é sempre divina, livre das dualidades e ao virmos a Terra escolhemos viver a dor, o sofrimento, a tristeza, as angústias e perseguições para que então através da escuridão possamos encontrar o verdadeiro sentido da luz de onde todos vieram, e entender a serenidade, a paz, a felicidade e os dons que temos.  Todos nós temos dons e devemos usá-los a nosso favor, em favor do outro e da Terra. Esses dons estão na paciência, na tolerância, na alegria, no amor a si mesmo, no amor incondicional e no respeito a tudo e a todos. Essa é a verdadeira magia. Transformar o dia a dia no agora.
Eu, Caiá, Razão e Sensibilidade saímos do rio e ofegantes, voltamos à floresta.
Sentamos às margens do rio onde há salamandras, borboletas, passarinhos. Tudo ali tem vida, folhas, árvores, flores. Os pequenos olhos que havia entre as folhas começam a se revelar e então aparecem fadas, entre elas Sopro, a fada do vento.
Sopro: Olá, Sophia
“Você aqui!”
“Eu estou em toda a parte e você acha mesmo que eu iria perder um papo sobre bruxa, sendo uma fada linda e poderosa como eu sou?”.
“Sei, Sopro (Sophia ri), sempre engraçada com esse seu olhar de sabe tudo”.
Sopro: Sei mesmo... (e ri).
“Menina Sophia, Gandom está aqui entre nós, vive na floresta, mas em sua essência é um poderoso bruxo de luz e compartilha com as crianças suas magias e as transforma em alquimistas capazes de chegar a Terra prontos para o novo tempo de paz, alegrias e magia”.
Volto ao jardim fechando meu livro e suspirando por mais um história vivenciada.


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