quinta-feira, outubro 26, 2006

A VINGANÇA DE GAIA

Por: Denise Fonseca
De acordo com o cientista inglês James Lovelock, em entrevista à Revista Veja de 26/10/06, o aquecimento global já passou do ponto sem volta e a situação se tornará insuportável por volta de 2040 (menos da metade do século!). Segundo ele, os países tropicais serão impróprios para a vida. Somente os países localizados nos pólos terão chance, como: Cordilheira dos Andes (mais perto do Brasil), Canadá, Sibéria, Japão, Noruega e Suécia. Já que é assim, só nos resta...orar! Por isso publicarei meu poema sobre a Terra, que ganhou menção honrosa como 14º lugar no 4º Prêmio Artez Literário em SP.

SUA MÃE TERRA

Eu sou Terra.
Meu azul é da imensidão do mar,
Meus companheiros são o sol e a lua.
Meus vizinhos Marte e Vênus,
e pertencemos ao Sistema Solar.
Há milhões de anos atrás,
evolução, cataclismos e explosões.
Das minhas entranhas férteis e audazes
brotaram os primeiros seres vivos
da lava, plasma, fluídos aos milhões.
Partículas cósmicas, tudo se misturaram.
Sou mãe e assim parecendo grávida,
Plantas, rochas, animais se revelaram
através dos átomos, moléculas, seres unicelulares.
Rústica, selvagem, hostil, tão ávida.
E depois de tantas transformações vibrantes,
montanhas, mares e rochas espetaculares,
ressurjo das intempéries, bela e triunfante.
Luz, água, fogo, ar, vida!
Sou Gaia!
Também assim conhecida.
Florestas encheram-me de rara beleza,
Homens puderam então viver.
Generosa, servi-os com total presteza
para poderem em meu colo evoluir.
E como filhos que anseiam crescer,
são filhos ingratos e agora me fazem ruir.
Sugaram em meu seio e me usaram.
Hoje me queimam, secam minhas águas.
Derrubam minhas florestas, me violentam.
Destroem minha energia e me mascaram.
Grito socorro!
Mas não me ouvem,
Como todo filho teimoso...
Para onde corro?
Onde estão minhas palmeiras
e os meus sabiás?
Meu azul está desbotando,
transformando-se em marrom de deserto.
Quem poderá me salvar?
Minhas defesas estão se descontrolando.
Mando avisos para alertar:
Tsunamis, erupções, furacões,
chuvas arrasadoras, enchentes,
seca e calor causticante.
Mas nenhum desses sinais é o bastante.
Amanhã, serão meus filhos chorando,
E eu, como mãe anciã e debilitada,
No leito em estado terminal,
derramarei lágrimas perdidas de sangue,
E não poderei fazer mais nada!
Será nada mais que o meu, o seu final.
Sou Terra.
Sou Gaia.
Sou sua mãe!

3 comentários:

SPAsophia disse...

As orações têm o poder curador da fé. É preciso orar e agir, deixar de olhar para si mesmo e trabalhar a favor das necessidades do mundo.

SPAsophia disse...

Concordo. Porém, me baseei somente nas palavras do cientista ao dizer que não há mais o que fazer. Entretanto, acho essas palavras bem pessimistas, se houver um esforço de todos, encontraremos um jeito, mas é concreto que isso requer um trabalho bem árduo.

Anônimo disse...

Adorei o seu Spaso. Por que você não continua, hein???