A sexta-feira foi super concorrida. Correria geral para não perder nada e conseguir lugar nas Casas, onde as filas estavam imensas. Primeiro, assistimos ao debate Graciliano Ramos: Ficha Política, com Randal Johnson, Sérgio Miceli e Dênis de Moraes, falando sobre a vida política de Graciliano. Fizeram uma análise sociológica dos personagens dos 3 livros do autor: Caetés, São Bernardo e Angústia e sobre sua vida política, desde quando foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, até sua prisão durante a ditadura, acusado de envolvimento com o comunismo. Falou-se sobre a importância do intelectual na vida pública e compararam o político Graciliano, ético, que denunciou vários casos de omissão, com os políticos de hoje. Foi citado o que Graciliano pensaria sobre a Flip em sua homenagem: que a Flip era um “rapapé” burguês e que dedicar uma Flip inteira a ele seria um exagero. Às 14h, na Casa do Autor Roteirista, enfrentamos uma fila considerável para assistir o debate Dias Gomes e o Realismo, com Ricardo Linhares, que fez o remake de Saramandaia, Lima Duarte e José Wilker, com mediação de Edney Silvestre. A disputa pelos 53 lugares foi acirrada, a ponto de quase se transformar numa manifestação revolucionária, em protesto contra tão pouco espaço para tão grandes personalidades e discussões. Carmen ficou até o fim, eu corri até a Casa do Instituto Moreira Salles – IMS com o intuito de conseguir um bom lugar para ver Adriano Calcanhoto no debate “Poesia de Mário Quintana”. Como cheguei 1 hora antes, deu tempo para assistir à jovem escritora franco-iraniana Lila Azam Zanganeh, que se dedica ao estudo das obras de Nabokov. Às 17h em ponto, Adriana Calcanhoto, simpática, leve, com longos e lisos cabelos, chegou para falar sobre sua carreira e o novo livro que lançaria no dia seguinte, na Flipinha. Foi entrevistada pela também jovem escritora, filha de Affonso Romano e Marina Colasanti, Alice Sant’Anna, inibida e pequena diante de Adriana. Casa lotada, gente tietando no término e eu consegui algumas boas fotos. Nem deu tempo para lanche, encontrei Carmen e corremos para a tenda dos autores para assistir “Lendo Pessoa”, com Maria Bethânia e uma das maiores autoridades em literatura portuguesa no Brasil, a professora Cleonice Berardinelli, com seus 96 anos. Aclamação total do público, aplaudida de pé assim que entrou na tenda, ajudada pelo mediador. Intercaladamente, ou complementarmente, as duas leram e declamaram poesias de Fernando Pessoa. A admiração total não foi somente por seu estudo sobre Pessoa, ou pela sua perfeita declamação, mas pela sua lucidez, intelectualidade e paixão por Fernando Pessoa, expresso pela professora Cleo. Depois dessa etapa, encolhidas de frio e nos sentindo da Serra Gaúcha, pois só víamos pessoas bem agasalhadas, com gorros, pesados casacos e cachecóis, fomos para a tenda do telão assistir à aula-show Vinicius 100: palavra e música, com Paula Morelembaun, José Miguel Wisnick e Arthur Nestrovski. Show estupendo e nostálgico, com declamação de poesia e música em homenagem aos 100 anos de Vinicius de Moares. Lindo!
Texto: Denise Constantino
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