Domingo. Último dia da Flip. Dia
ensolarado, fresco, céu azul. Último dia... da Flip! Que pena! Já pintava uma
saudade que só passará quando chegar agosto de 2014, na 12ª edição.
Ás 11 horas, assistimos ao debate Graciliano Ramos: Políticas da escrita, com
Wander Melo Miranda, Lourival Holanda e Erwin Torralbo Gimenez. Falaram sobre a
escrita sucinta e objetiva de Graciliano e a adequação da linguagem às
situações. Quando questionado pelo público, sobre a suposta ambiguidade de
Graciliano ao ler a Bíblia e ser ateu, o professor Lourival Holanda, sabiamente
respondeu que o intelectual lê a Bíblia porque ela contém a história da
civilização ocidental, a lê com um olhar crítico, enquanto que o religioso a lê
para seguir o que está escrito (grifo meu). Depois disso, almoçamos e chegamos
com 1hora de antecedência às portas da Casa do Autor Roteirista para sua última
apresentação, O Humor e os Limites do Humor, com Allan Sieber, roteirista do
Casseta e Planeta, Newton Cannito, o curador da Casa e Domingos Montagner, ator
global. Antes do debate, Mariana Ximenez leu um conto de Newton Cannito muito
divertido e Domingos Montagner nos presenteou com uma amostra teatral que faz
em seu circo, onde atua como palhaço. A seguir, o debate enveredou para os
limites éticos que são impostos aos humoristas e suas piadas, no Brasil. No
final, fizemos questão de abraçar Thelma Guedes, parabenizando-a pelo sucesso da
Casa do Autor Roteirista. A última mesa da Flip, tradicional, foi a Livro de
Cabeceira. A mesa foi composta na maioria por estrangeiros e aí ficamos a mercê
dos tradutores. Serviu para comprovar o que sinto há tempo, a literatura
brasileira, e posso estender até a portuguesa e a latina, são bem mais
interessantes do que a europeia e a norte-americana. Eu convidaria apenas uns
dois estrangeiros e os outros seriam brasileiros. Talvez, o curador pudesse
estender o convite para a última mesa aos autores, intelectuais e outras
personalidades que participaram dos eventos paralelos, que benefeciaram o
público excedente, que não teve oportunidade de estar nas tendas. Para
consolidar a Flip 2013 o clímax foi alcançado pelo carnaval que se seguiu, com
distribuição gratuita de cachaça da região. Escritores, intelectuais,
moradores, turistas, roteiristas e outros, em um cortejo enorme, saíram todos
juntos atrás da banda de carnaval e dos bonecos gigantes do bloco Assombrosos
de Jabaquara, pelas ruas de Paraty.
Enfim,
a Flip de 2014 acontecerá em agosto, por conta da Copa do Mundo. Espero que
pelo menos, por ser em agosto (julho sempre tem férias escolares), Paraty
suporte a multidão que a cada ano aumenta mais... fãs da Flip? Adoradores de
literatura? Fãs dos artistas presentes? Fãs da badalação? Todos juntos, cada
vez mais atraídos pelo charme cultural da Flip e de Paraty.
Texto: Denise Constantino
Fotos: Carmen Amazonas