segunda-feira, janeiro 29, 2007

120 ANOS DE MANUEL BANDEIRA


POR: Carmen Amazonas

Arte de amar
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.Só em Deus — ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.

Manuel Carneiro de Souza Bandeira, o mais lírico dos poetas. Nasceu em 19 de Abril de 1886, em Recife, Pernambuco. Prosador, importante cronista, crítico e historiador da literatura e da música. Dentuço de natureza, a mãe lhe ensinou a sorrir muito, pois gente dentuça quando séria fica antipática. Deixou mais de 350 poemas, dezenas de crônicas, antologias, traduções, biografias e letras de música.

1896 – Muda-se novamente para o Rio de Janeiro, onde cursou o externato do Ginásio Nacional (atual Colégio Pedro II). Teve entre outros professores João Ribeiro.

1903 – Em São Paulo começa a trabalhar nos escritórios da Estrada de Ferro Sorocabana, da qual seu pai era funcionário.

1904 – Descobre que é Tuberculoso, abandona as atividades e volta para o Rio. Passa por diversas cidades em busca de um melhor clima para sua saúde.

1910 – Participa de um concurso de poesias da Academia Brasileira de Letras. Em Charles de Guérin encontra as rimas toantes que usaria em Carnaval.

1912 – Escreve seus primeiros versos livres, sob a influência de Apollinaire, Charles Cros e Mac Fionna Lead.

1913 – Embarca para a Suíça com intuito de tratar-se no sanatório de Clavavel, reaprende o alemão.

1914 – Volta ao Brasil

1916 – Morre sua mãe, Francelina.

1917 – Pública seu primeiro livro: A Cinza das horas, edição de 200 exemplares, custeado pelo autor. João Ribeiro escreve um artigo elogiando o livro. Devido ao emprego de um hiato num verso do poeta Mário Mendes Campos, desenvolve sua crítica, junto a Machado Sobrinho, no Correio de Minas.

1925 – Escreve critica musical para a revista A Idéia Ilustrada. Ganha primeiro dinheiro com literatura, 50 mil réis, colaborando para o suplemento cultural do jornal A Noite.

1935 – Nomeado inspetor do ensino secundário pelo Ministro Gustavo Campanema.

1937 – Recebe Prêmio da Sociedade Felipe de Oliveira, no valor de 5 mil cruzeiros, seu primeiro lucro material com poemas.

1938 – É nomeado professor de literatura do Colégio Pedro II, no rio.

1940 – É eleito membro da Academia Brasileira de Letras; ocupa a cadeira 24.

1943 – Nomeado professor de literatura hispano-americana da Faculdade Nacional de Filosofia.

1944 – Publica Obras Poéticas de Gonçalves Dias, edição crítica e comentada.

1948 – Lança a primeira edição de Matuá do Malungo, impresso em Barcelona por João Cabral de Mello Neto.

1949 – Traduz, O Auto Sacramental do Divino Narciso de Sóror Juana Inês de la Cruz.

1951 – Publica Biografia de Gonçalves Dias

1968 – Morre em 13 de Outubro, no Hospital Samaritano, em Botafogo, Rio de Janeiro

Vou-me Embora pra Pasárgada

Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou felizLá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive...

...E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.

Texto extraído do livro "Bandeira a Vida Inteira", Editora Alumbramento – Rio de Janeiro, 1986, pág. 90Manuel Bandeira: sua vida e sua obra estão em "Biografias".
Fonte de pesquisa: Revista Bravo, Edição: 113

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