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domingo, outubro 08, 2006
GÊNIOS LOUCOS?
Por: Denise Fonseca
Quando ouvi a música Chatterton cantada por Seu Jorge e Ana Carolina, me bateu uma curiosidade pertinente. Aproveitando o dia da Saúde Mental em 10/10, gostaria de fazer uma breve consideração a respeito de gênios loucos ou que se suicidaram, os que não são poucos. Platão já dizia que uma espécie de “loucura divina” era base fundamental de toda criatividade. Nietzsche disse: “A loucura é o limite da liberdade”. E Fernando Pessoa: “Loucos são os sábios, loucos são os gênios, loucos são os santos”. Afinal, há uma linha tênue entre o filósofo e o louco. É só procurar nos livros de história para sabermos que o poder criativo de muitos artistas e filósofos célebres de todos os tempos caminhava junto com uma instabilidade psíquica dotada de traços patológicos, como variações de humor, manias, fixações, alcoolismo e dependência de drogas. Há muitos estudos sobre o assunto, mas o nosso propósito é apenas citar alguns desses gênios loucos e magníficos que foram tão importantes para nossa história e para o mundo.
FREDERIC NIETZSCHE – 15/10/1844 a 25/08/1900. Filósofo alemão. Além de filosofia, estudou teologia, grego, alemão e latim. Foi criado em ambiente feminino extremamente religioso. Quando começou seus estudos na universidade abandonou o cristianismo. Apaixonou-se pela esposa de seu amigo, o músico Wagner, sem ser correspondido, assim como aconteceu com outras mulheres. Ao sofrer desilusões amorosas, se isolou. Em 1889 começou a ter atitudes lunáticas e passou a usar drogas como o ópio e haxixe. Foi internado com paralisia cerebral, talvez de origem sifilítica. Ficou 11 anos em estado de mutismo e semiconsciência até morrer.
EDVARD MUNCH – 12/12/1863 a 23/01/1944. Pintor norueguês. Precursor do expressionismo alemão. Seu maior sucesso é a obra “O Grito”, que retrata a angústia e o desespero, inspirada nas próprias decepções do artista. Desde criança conviveu com a doença em sua família. Perdeu mãe e irmã de 15 anos para a tuberculose. Muitas de suas obras retratam a angústia da doença. Ficou internado por 6 meses para tratar de um esgotamento nervoso. Em 1936 parou de pintar por causa de uma grave enfermidade ocular. Antes de morrer disse: “A vida representa uma vitória temporária sobre a força da gravidade, mantemo-nos erguidos de pé, mas um dia temos de nos deitar para morrer”.
VINCENT VAN GOGH – 30/03/1853 a 27/07/1890. Pintor Holandês. Também foi criado em ambiente religioso e foi pastor durante 6 meses. Seu irmão Théo o ajudava financeiramente e moralmente. Fundou junto com Gauguin um centro artístico em Arles- França, onde gostava de pintar a vida, ao ar livre. Mas, nunca se entenderam muito bem devido ao temperamento difícil dos dois e numa discussão, Van Gogh cortou a própria orelha e deu-a de presente a uma prostituta. Foi internado várias vezes e sua situação depressiva só aumentava. Tinha dificuldade de interação social e foi diagnosticado como epiléptico. Van Gogh gostava de tomar absinto, o que piorava sua condição psicótica. Sua doença alternava entre fases depressivas e eufóricas, como o distúrbio bipolar do humor conhecido hoje. Matou-se com um tiro no peito. Só foi reconhecido como grande artista após sua morte.
ALBERTO SANTOS DUMONT – 20/07/1873 a 23/07/1932. Brasileiro. Mineiro de Palmira. Pai da aviação. Depois de fazer várias experiências com objetos voadores e colocar suas máquinas nos céus de Paris, encerrou sua carreira em 1910 quando começou a sofrer de esclerose múltipla, o que o envelheceu na aparência, sentindo-se muito cansado. Cada vez que sabia que sua invenção estava sendo usada para propósitos de guerra, ficava mais depressivo, o que o levou ao suicídio, enforcando-se com a própria gravata em um quarto de hotel em Guarujá. Além do avião, inventou outros artefatos, como o relógio de pulso.
ROBERT ALEXANDER SCHUMANN – 08/06/1810 a 29/06/1856. Pianista e músico alemão. Em 1832, em um incidente, perdeu os movimentos do 4º dedo da mão esquerda. Tinha perturbações mentais que o afligia desde pequeno, causada por uma séria inflamação do ouvido, que se agravou ao longo de sua vida. Ouvia vozes e músicas aterrorizantes. Em 1854 tenta o suicídio atirando-se a um rio. Foi internado e ficou assim até morrer.
RAUL POMPÉIA – 12/04/1863 a 25/12/1895. Angrense. Jornalista, contista, cronista, novelista e romancista. Formado em Direito e Letras. Quando jovem foi para um internato e o ambiente austero e fechado o deixou muito abalado. Escreveu “O Ateneu”. Foi demitido da direção da Biblioteca Nacional por acusação de desacato à pessoa do presidente (Floriano Peixoto) no explosivo discurso pronunciado em seu enterro. Rompido com amigos, caluniado, sentindo-se desdenhado, matou-se com um tiro no coração.
FIÓDOR MIKHAILOVICH DOSTOIÉVSKI – 11/11/1821 a 09/02/1881. Uma das maiores personalidades da literatura russa, junto com Tolstói. A mãe morreu quando ainda era jovem. O pai fora assassinado em sua propriedade rural pelos próprios servos e quando soube teve sua primeira crise de epilepsia, aos 17 anos. Estudou contra a vontade numa escola militar de engenharia e aos 22 anos se consagrou na literatura. Em 1849 foi preso por participar de reuniões subversivas e passou 9 anos em um presídio na Sibéria, onde só podia ler a Bíblia. Atribuía suas crises epilépticas a uma experiência com Deus, pois durante a prisão converteu-se ao cristianismo.
PEDRO NAVA - 05/06/1903 a 13/05/1984. Mineiro de Juiz de Fora. Poeta, artista plástico, médico. Amigo íntimo de Carlos Drummond de Andrade. Suicidou-se com um tiro na cabeça na Glória- RJ, depois de ser visto sentado numa praça com travestis e prostitutas e antes de receber um telefonema misterioso.
FRANCISCO JOSÉ DE GOYA Y LUCIENTES – 30/03/1746 a 16/04/1828. Pintor espanhol. Utilizou estilos como: impressionista, simbologismo, surrealismo e expressionismo. Adoeceu em 1792 gravemente e se restabeleceu um ano depois, ficando surdo. Acabou se isolando. Deixou de ver o lado agradável da humanidade fixando-se nos seus defeitos e nos seus aspectos grotescos. Transferiu esses sentimentos para seus quadros, que tinham visões apocalípticas.
EDGAR ALLAN POE – 19/01/1809 a 07/10/1849. Americano de Boston. Escritor, poeta, romancista, crítico literário e editor. Um dos escritores mais lidos e admirados de todos os tempos. Ficou órfão aos 2 anos e foi adotado. Na Universidade aderiu ao jogo a ao álcool. Casou-se com a prima de 13 anos. Seus contos abordavam temas como a morte, o horror sobrenatural e os desvarios da mente humana, com linguagem alucinada, revelando os tormentos do autor. Em 1847, depois da morte da esposa, sua dependência alcoólica aumentou e também se entregou ao ópio. Tentou o suicídio e o veneno lhe deixou com paralisia facial. Foi encontrado numa sarjeta 4 dias antes de morrer, pálido e trêmulo, ficando em estado de semiconsciência, com febre, espasmos e delírios. Sua última frase: “Senhor, ajude minha pobre alma”.
A lista é enorme, mas ficaremos com esses nomes magníficos. Afinal, são loucos por não agirem de acordo ao que é considerado “normal”, ao que é comum, ao que a maioria faz? A loucura da sabedoria, da genialidade, da santidade (lembrando Fernando Pessoa) é uma loucura que liberta, uma loucura escolhida, diferente da loucura da doença mental, que escraviza e não deixa escolha. Muitos são considerados loucos apenas por perseguirem seus sonhos, apenas por se rebelarem contra a opressão ou o conformismo. Talvez nem mesmo eles próprios suportaram tanta genialidade. Mas, o fato é que eles vieram na hora certa para encher nosso tempo de beleza e magia: com a arte.
Consultas: www.hottopos.com/mirand4
www.frb.br/ciente/textos%
www.vivermentecerebro.com.br
www.necronayhem.zip.net
www.portalmedico.org.br
www.pt.wikipedia.org
www.suapesquisa.com
www.vidalusofonas.pt
www.arqnet.pt/portal/biografias
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Um comentário:
todo idiota é feliz, o gênio e o suicidio andam de mãos dadas.
Ter milhões de pensamentos, ser incompreendido, e ver algo que foi fruto de seu trabalho sendo usado para o mal...São as principais causas dos gênios suicidas.
'o culpado não é quem inventou a arma e sim quem aperta o gatilho'
só que se você for o mínimo humano, e tiver inventado a arma vai querer no mínimo se matar...
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