Este é um espaço destinado ao lazer e bem estar de nossa mente, onde podemos dialogar sobre assuntos relacionados à cultura, arte, filosofia e atualidades, para o engrandecimento de nosso conhecimento e espírito.
segunda-feira, dezembro 05, 2016
TRANSFORME-SE
Na metáfora da borboleta passamos a vida...
Na quinta-feira dia 17 de dezembro de 2015 formos às ruas com os amigos na INTERVENÇÃO TRANSFORME-SE.
Idealizar e produzir são para mim o ar que respiro...
Foi emocionante unir-se a cada um deles: ATORES, AMIGOS... Como é bom ver o esforço, dedicação e profissionalismo de todos, ao estarem ali com responsabilidade e compromisso. Surpreendente e lindo. A pequena Heloísa Mendes deu show, esbanjou talentos e habilidades. Foi possível ver o brilho no olhar deles ao se ajudarem, a cooperarem um com o outro para que tudo desse certo, ou melhor, estava tudo tão certo, tão compassado, harmonioso que simplesmente fluiu. Uma construção perfeita... feita de coluna e tijolos e que hoje vejo surgir não uma, mas várias edificações onde cacos e pedaços se juntam para dividir e multiplicar.
Entre a dor e o amor muitas vezes escolhemos a dor, embora o amor nos convide a todo tempo a transmutar as aflições e intempéries da vida. Aceitar-se e aceitar o caminho é render-se à própria alma e aos propósitos de uma existência de infinitas possibilidades. Há no caminho superação de dor, perdão, medo, renúncia, humildade, cura e amor. Ao libertar o ser contido nas entranhas de si mesmo damos ouvidos e asas à alma. Ela grita por uma escolha, por um ideal, onde “um” somos todos.
A dor no silêncio e a paz no cântico das religiões
Ao som do bumbo e no silêncio gritante do ator Samuel Lopes era possível sentir a dor em forma de paz...
Um homem me abordou. Ele está representando Jesus? Eu respondi... o senhor entendeu dessa forma? Então assim ele é para o senhor. E é dessa forma que entendo todo esse trabalho que envolveu a unificação das religiões se fazendo vivas em uma só voz. Na suavidade do balé da flor de lótus representada pela atriz Juliane Bullé , onde a flor símbolo de tanta fé e espiritualidade mostra que não importa a lama, as guerras, os gritos, as angustias e desavenças. É possível florescer, resgatar o homem da miséria da alma para que a miséria humana possa ser superada. Não importam nomes, crenças, tempo ou espaço, o importante é o que o coração é capaz de sentir e fazer para que cada um se torne melhor, deixando o passado no passado e seguindo sem o tempo.
A água do Rio nunca é a mesma...
Um rio correu pelas ruas dando vida e leveza a tudo que o cerca. O rio, muitas vezes nos chama, seguimos pelo barulho das águas ao chocar-se em rochas. É deslumbrante... nos fascina... mas, ao chegarmos ao rio é preciso atravessá-lo e conquistar a montanha que só vemos quando temos a coragem de chegar ao outro lado da margem. E o alto da montanha reserva surpresas ainda maiores.
O fogo transforma ...
O Jovem Matheus encantou ao ir para a rua transformando os olhares a cada momento em que o fogo era cuspido ... expurgando ali preconceitos, ira, raiva, ódio, desamor, indiferença, rancor, desprezo, culpas, medo, tristeza, miséria, violência, melancolia, solidão, egoísmo, inveja; transformando toda dor em luz. Em um mundo de tantas angústias, um momento de reflexão, alegrias e muita emoção.
A natureza viva...
Tigre, macaco, cão e gato... a perfeição nas expressões da atriz Letícia Mendes , representando o Pavão, considerado uma divindade entre muitas religiões.
Fada, Elfo... a natureza que os olhos não veem... levemente livres.
E a borboleta com sua metáfora de transformar... fazendo acordar o planeta.
Punks tiveram a liberdade de gritar...
Ruas... meninas nas ruas
Delicado momento... três jovens atrizes ficaram nas ruas durante horas, para sentir e serem sentidas pelas correrias da rua. Sem dúvida uma das maiores experiências para todos nós. Carol... ali estava ela... uma jovem com tantas histórias que nos fizeram ir às lágrimas e sorrisos sem pressa.
Meu agradecimento especial à parceria de amigo que o CAMINHO trouxe: Ramon Souza . Essa vivência não tem preço. Cada segundo uma surpresa, uma nova emoção e um caminho feito de alegrias e crescimento.
Violino, tambores, cantos...
Agradeço à dedicação e atenção da Cultuar e aos espaços que receberam nossa equipe tão grande. Marcia Small Brasil e o Teatro Municipal Câmara Torres, aoMarcelo Ramos Moreira e equipe Casa Larangeiras e a Casa de Cultura.
A todos que contribuíram de alguma forma mesmo não estando na intervenção. Valeu Denise Constantino da Fonseca
Valeu!!! CIA APÉ – SPAsophia, Grupo Arteiros e TODOSSSSSSSSSSSS OS ARTISTAS QUE LINDAMENTE SE UNIRAM. OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Idealizar e produzir são para mim o ar que respiro...
Foi emocionante unir-se a cada um deles: ATORES, AMIGOS... Como é bom ver o esforço, dedicação e profissionalismo de todos, ao estarem ali com responsabilidade e compromisso. Surpreendente e lindo. A pequena Heloísa Mendes deu show, esbanjou talentos e habilidades. Foi possível ver o brilho no olhar deles ao se ajudarem, a cooperarem um com o outro para que tudo desse certo, ou melhor, estava tudo tão certo, tão compassado, harmonioso que simplesmente fluiu. Uma construção perfeita... feita de coluna e tijolos e que hoje vejo surgir não uma, mas várias edificações onde cacos e pedaços se juntam para dividir e multiplicar.
Entre a dor e o amor muitas vezes escolhemos a dor, embora o amor nos convide a todo tempo a transmutar as aflições e intempéries da vida. Aceitar-se e aceitar o caminho é render-se à própria alma e aos propósitos de uma existência de infinitas possibilidades. Há no caminho superação de dor, perdão, medo, renúncia, humildade, cura e amor. Ao libertar o ser contido nas entranhas de si mesmo damos ouvidos e asas à alma. Ela grita por uma escolha, por um ideal, onde “um” somos todos.
A dor no silêncio e a paz no cântico das religiões
Ao som do bumbo e no silêncio gritante do ator Samuel Lopes era possível sentir a dor em forma de paz...
Um homem me abordou. Ele está representando Jesus? Eu respondi... o senhor entendeu dessa forma? Então assim ele é para o senhor. E é dessa forma que entendo todo esse trabalho que envolveu a unificação das religiões se fazendo vivas em uma só voz. Na suavidade do balé da flor de lótus representada pela atriz Juliane Bullé , onde a flor símbolo de tanta fé e espiritualidade mostra que não importa a lama, as guerras, os gritos, as angustias e desavenças. É possível florescer, resgatar o homem da miséria da alma para que a miséria humana possa ser superada. Não importam nomes, crenças, tempo ou espaço, o importante é o que o coração é capaz de sentir e fazer para que cada um se torne melhor, deixando o passado no passado e seguindo sem o tempo.
A água do Rio nunca é a mesma...
Um rio correu pelas ruas dando vida e leveza a tudo que o cerca. O rio, muitas vezes nos chama, seguimos pelo barulho das águas ao chocar-se em rochas. É deslumbrante... nos fascina... mas, ao chegarmos ao rio é preciso atravessá-lo e conquistar a montanha que só vemos quando temos a coragem de chegar ao outro lado da margem. E o alto da montanha reserva surpresas ainda maiores.
O fogo transforma ...
O Jovem Matheus encantou ao ir para a rua transformando os olhares a cada momento em que o fogo era cuspido ... expurgando ali preconceitos, ira, raiva, ódio, desamor, indiferença, rancor, desprezo, culpas, medo, tristeza, miséria, violência, melancolia, solidão, egoísmo, inveja; transformando toda dor em luz. Em um mundo de tantas angústias, um momento de reflexão, alegrias e muita emoção.
A natureza viva...
Tigre, macaco, cão e gato... a perfeição nas expressões da atriz Letícia Mendes , representando o Pavão, considerado uma divindade entre muitas religiões.
Fada, Elfo... a natureza que os olhos não veem... levemente livres.
E a borboleta com sua metáfora de transformar... fazendo acordar o planeta.
Punks tiveram a liberdade de gritar...
Ruas... meninas nas ruas
Delicado momento... três jovens atrizes ficaram nas ruas durante horas, para sentir e serem sentidas pelas correrias da rua. Sem dúvida uma das maiores experiências para todos nós. Carol... ali estava ela... uma jovem com tantas histórias que nos fizeram ir às lágrimas e sorrisos sem pressa.
Meu agradecimento especial à parceria de amigo que o CAMINHO trouxe: Ramon Souza . Essa vivência não tem preço. Cada segundo uma surpresa, uma nova emoção e um caminho feito de alegrias e crescimento.
Violino, tambores, cantos...
Agradeço à dedicação e atenção da Cultuar e aos espaços que receberam nossa equipe tão grande. Marcia Small Brasil e o Teatro Municipal Câmara Torres, aoMarcelo Ramos Moreira e equipe Casa Larangeiras e a Casa de Cultura.
A todos que contribuíram de alguma forma mesmo não estando na intervenção. Valeu Denise Constantino da Fonseca
Valeu!!! CIA APÉ – SPAsophia, Grupo Arteiros e TODOSSSSSSSSSSSS OS ARTISTAS QUE LINDAMENTE SE UNIRAM. OBRIGADAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Só o amor, muda o que já se fez E a força da paz junta todos outra vez Venha, já é hora de acender a chama da vida E fazer a Terra inteira feliz ( Roupa Nova - versão Heal the World - Michael Jackson)
Por Carmen Amazonas
Por Carmen Amazonas
terça-feira, novembro 29, 2016
segunda-feira, outubro 31, 2016
Bruxas
Eu vou ao jardim de
minha casa com o meu livro de alquimia, é dia das bruxas e eu sei que o contato
com a natureza desperta minha imaginação. Sento-me debaixo de uma árvore e logo
começo a sentir o vento suave bater em meu rosto. O vento vai acalmando minha mente,
refrescando-a e deixando-a mais leve. Até que começo a ouvir barulhos. Algo
esbarra pelas folhas das árvores e cai descompensado no chão. Eu olho espantada.
Você, você, sempre você (risos). Sensibilidade minha amiga coruja atrapalhada.
Nisso chega a coruja Razão. “Ai, ai ela não consegue fazer um pouso sem bagunçar
tudo. Olha, tem folhas espalhadas por tudo que é canto”. (risos)
Eu abro o livro de
alquimia.
Vamos ao Mundo das
Bruxas, meninas.
Sensibilidade logo se
emociona... fica aflita, ansiosa e Razão põe-se a pensar. “Não seria perigoso
menina Sophia?” O livro fica no chão... aberto em cima das folhas e de repente
o tempo para... o ar acalma-se e uma luz surge... e o jardim transforma-se em
uma frondosa floresta. Eu apareço em uma vassourinha e um com lindo chapéu de
bruxa. Razão e Sensibilidade me acompanham. Tudo parece mais brilhante, as
cores têm tons vivos. Eu caminho pela floresta e as flores sorriem, dançam ao
som dos pássaros e o bater das asas das borboletas.
Há olhos por todas as
partes entres as folhas. Razão logo fala: “acho que deveríamos voltar”. Sophia
e Sensibilidade nem ouvem, estão tão encantadas com tudo.
Na beira de um riacho
eu vou beber um pouco de água e então surge um menino. “Olá!!! Eu sou Caiá, sou
guardião desse rio”.
A água é capaz de
transformar todo ser do mundo onde você se encontra e as pessoas ainda
desconhecem o poder dessa magia. Elas não se recordam, mas o poder da energia
da água é capaz de transformar a Terra. Durante alguum tempo as pessoas
acreditavam que a água estava acabando. Que esses recursos seriam escassos e
que a população acabaria por sua falta. O que demoraram a entender é que a água
que consumimos é energia viva e está dentro de nós. O homem precisou aprender a
respeitar a ele mesmo, a aceitar-se e então ele foi capaz de entender que nada
é escasso, mas transformado, recriado, reinventado, imaginado.
Vou acompanhá-las nessa
aventura que tal mergulharmos nas águas do rio? Agora poderemos entender melhor
sobre seu mundo e quem realmente são as bruxas.
Caiá, eu, Razão e
Sensibilidade mergulham nas águas do Rio.
Uma corrente de água
muito forte nos roda em espiral e nos leva para a idade média, tempo da
perseguição as bruxas. As cores são diferentes, escuras, o cheiro no ar é ruim,
desconfortante, incomoda. Nós seguimos pelas ruas, nossas roupas são outras,
esfarrapadas, como na época e nossas fisionomias um pouco diferente. Eu e Caiá
estamos semelhantes aos povos. Logo nos identificamos como partes de famílias
da localidade. Eu sou filha de uma bruxa poderosa capaz de curar as pessoas
através de energia. E Caiá vem de uma família de curandeiros que usam as ervas
e os rios para tirar o mal das pessoas. Nós dois somos muito amigos e temos
sempre duas corujas que nos acompanham. Em um mundo de dualidade como a Terra,
eu e Caiá nos vemos envolvidos em sofrimento e perseguição. Há bruxas e bruxos
por todas as partes, bons e ruins. O bruxo Gandom considerado por todos um dos
piores bruxos já existentes vive à espreita atrás de nós.
Gandom:
Olá, crianças, como vão? Sei que vocês adoram brincar de ser pequenos
alquimistas. Que tal aprenderem algumas coisinhas comigo?
Eu e Caiá arregalamos
os olhos e dizemos: “não, obrigada”.
Porém, Gandom insiste
em apresentar-nos a magia e nos dois, mesmo assustados, acabamos ficando ali
parados diante do esperto bruxo, que começa a contar-nos uma história. Eu
escolhi estar aqui para disseminar a energia da sombra e vocês dois têm o livre
arbítrio de poder ser meus parceiros. Com um olhar assustador ele nos diz: “imaginem nós três dominando o mundo
da magia unindo nossas energias”. Nós apenas mexemos os olhos, olhando um para
o outro e nos sentimos presos, com medo de correr e seremos capturadas pelo
bruxo. Ele segura nossa mão ... o ar começa a ficar pesado, um cheiro forte
toma conta do lugar. O medo, o medo, o medo... Nós estamos muito assustados.
Porém, nos entreolhamos
e uma força começa a nos mover. O vento sopra, as corujas aparecem sobrevoando
o local desconcentrando Gandom e então conseguimos correr e escapar ao menos dessa vez do sábio bruxo.
Chegamos em casa. __Mãe,
mãe...
“Crianças o que houve
com vocês?”
“Gandom, dona Willy,
ele nos perseguiu e queria nos levar com ele. Disse que deveríamos ser bruxos
como ele. Não quero ser bruxo, dona Willy.”
“Nem eu mãe, os bruxos
são maus e os bons são sempre perseguidos”.
Willy:
Crianças, sentem-se aqui, irei contar uma história para vocês
Há muito tempo a
humanidade foi criada e trouxe dentro dela a magia. Essa magia interage com a Terra
e um dia todos se lembrarão disso. Gandom certamente escolheu vir a esse mundo
com o dom do mal para que todos que o cercam possam escolher entre o bem e o
mal. Nossa essência é sempre divina, livre das dualidades e ao virmos a Terra
escolhemos viver a dor, o sofrimento, a tristeza, as angústias e perseguições
para que então através da escuridão possamos encontrar o verdadeiro sentido da
luz de onde todos vieram, e entender a serenidade, a paz, a felicidade e os
dons que temos. Todos nós temos dons e
devemos usá-los a nosso favor, em favor do outro e da Terra. Esses dons estão
na paciência, na tolerância, na alegria, no amor a si mesmo, no amor
incondicional e no respeito a tudo e a todos. Essa é a verdadeira magia. Transformar
o dia a dia no agora.
Eu, Caiá, Razão e
Sensibilidade saímos do rio e ofegantes, voltamos à floresta.
Sentamos às margens do
rio onde há salamandras, borboletas, passarinhos. Tudo ali tem vida, folhas,
árvores, flores. Os pequenos olhos que havia entre as folhas começam a se
revelar e então aparecem fadas, entre elas Sopro, a fada do vento.
Sopro:
Olá, Sophia
“Você aqui!”
“Eu estou em toda a
parte e você acha mesmo que eu iria perder um papo sobre bruxa, sendo uma fada
linda e poderosa como eu sou?”.
“Sei, Sopro (Sophia
ri), sempre engraçada com esse seu olhar de sabe tudo”.
Sopro:
Sei mesmo... (e ri).
“Menina Sophia, Gandom
está aqui entre nós, vive na floresta, mas em sua essência é um poderoso bruxo
de luz e compartilha com as crianças suas magias e as transforma em alquimistas
capazes de chegar a Terra prontos para o novo tempo de paz, alegrias e magia”.
segunda-feira, agosto 01, 2016
A CHAMA DA 14ª FLIP - FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY
Três fatores marcaram a
FLIP em 2016: a crise econômica (que já tinha sido percebida em 2015), as polêmicas
e os protestos. A crise econômica, que já é verbete batido há vários meses, foi
notada, principalmente, na programação principal. A Flipinha, por exemplo, não
teve direito a uma tenda para sua programação, como teve nos anos anteriores,
resumiu-se a um modesto palco ao ar livre e lonas no gramado para o público se
ajeitar. O show de abertura, que já recebeu grandes nomes da música brasileira
e que ano passado já tinha mostrado sinais de redução, esse ano resumiu-se a um
sarau, com declamações de poesias de conteúdos atuais e polêmicos. A crise,
essa ingrata, pode ter sido também motivo para o menor número de visitantes, o
que de certa forma, contribuiu para que a pequena Paraty não ficasse tão
congestionada. As polêmicas giraram em torno da falta de negros na tenda dos
autores e no exibicionismo desnecessário da escritora brasileira Juliana Frank.
Os protestos focaram na política brasileira, com constantes evocações de “Fora
Temer”, ladainha repetida durante toda a Flip 2016, que aconteceu nos dias 29
de junho a 3 de julho de 2016.
Esse ano, a curadoria continuou nas mãos de Paulo Werneck
e a autora homenageada foi a pouco conhecida Ana Cristina César, que além de
escritora, poetisa, foi tradutora e professora de inglês e se suicidou em 1983,
com apenas 31 anos. Para a felicidade dos que aproveitam mais as programações
das casas parceiras espalhadas pela bucólica Paraty, além das Casas Folha,
Instituto Moreira Sales (IMS), Literária Gastronômica (SENAC), Rocco, Casa
Cais, Casa da Liberdade, Libre e Nuvem de Livros, SESC, Clube dos Autores,
ganhamos mais duas casas: Shakespeare House e Espaço Itaú Cultural de
Literatura e também a volta de Thelma Guedes e Newton Cannito com a Nau dos
Insensatos substituindo a Casa dos Autores Roteiristas, já ausente ano passado.
A Nau ofereceu palestras com temáticas sobre a loucura, homenageando a
escritora Maura Lopes Cançado. Já a Casa Libre focou em palestras sobre
violência, em todas suas nuances e a Casa da Liberdade se ateve a bate-papos
sobre política e economia, com direito a bate-boca. As atrações foram fartas,
tornando a escolha difícil. Relato aqui um pouco do que vi e do que li e sei
que aconteceu.
No primeiro dia, 29 de junho, nem todas as casas
funcionaram. Somente a tenda dos autores, Itaú Cultural e a ótima Casa
Gastronômica SENAC com o Cozinhando com Palavras, a opção mais deliciosa,
literalmente. O Senac iniciou seus trabalhos com a história do vinho e oficina
de canapés, bem propício. Na tenda dos autores, na palestra de abertura, Ana C.
foi pouco mencionada e o show de abertura deu lugar ao Sarau da Flip, muito bem
comandado por Roberta Estrela D’Alva, figura constante em Poetry Slam, onde a
poetisa Mel Duarte agradou a todos com uma poesia manifesto contra o machismo e
o racismo. Entre uma poesia e outra, a palavra de ordem foi “Fora Temer”.
Na quinta-feira, dia 30 de junho, as casas começaram a
ferver com atividades irresistíveis e imperdíveis. Nessa hora, gostaria de
poder me multiplicar em dez. No Cozinhando com Palavras, nos serviços de
sanduíches especiais, mais vinhos, doces e tortas. No SESC, oficinas
literárias. Na Igreja da Matriz, a atriz Carol Castro interpretou a imperatriz
Leopoldina no concerto “Cartas da Imperatriz”. Na Nau dos Insensatos, Leona
Cavalli encantou com o Elogio da Loucura. Na tenda dos autores, Caco Barcellos
foi destaque em mesa que discutiu o tráfico de drogas sob as lentes do
jornalismo. O queridinho das lentes, autor de Trainspotting, Irvine Welsh
fechou a noite falando sobre sua carreira literária. Na Casa de Cultura, sob a
programação da Flipinha, Lázaro Ramos falou na Ciranda dos Autores e mais
tarde, na Praça da Matriz, participou de um bate-papo com Gregório Duvivier e
Maria Ribeiro no “Você é o que lê”. No IMS, Adriana Calcanhoto, Eucanãa Ferraz,
Alice Sant”Anna e outros leram trechos das obras da homenageada Ana C. Para
fechar a noite, nada melhor do que a boemia da Casa Folha, que ofereceu música
animada e vinho para o público afoito por diversão. E para delírio dos fãs,
igual a mim, Adriana Calcanhoto visitou a Casa e nos brindou com “Vem Embora”.
Cantou a única e foi embora, tentando se equilibrar sobre as pedras das ruas de
Paraty, sendo apoiada pelo amigo Eucanãa Ferraz.
No 3º dia, a programação principal iniciou os trabalhos
com Benjamim Moser e Kenneth Maxwell, falando sobre a cultura brasileira,
incluindo o cenário atual. Depois J. P. Cuenca falou sobre seu mais novo
projeto, o filme que fala sobre sua morte. Na Casa SESC, não pude perder o
maravilhoso Edney Silvestre em conversa no Café Literário sobre a influência do
olhar particular do autor sobre mundo em suas obras. Mais tarde, Matheus Nachtergaele
recitou textos de sua mãe falecida, que aconteceu no novo espaço do SESC em
Paraty. No mesmo horário, aconteceu o bate-papo com os vencedores do Prêmio
Sesc de Literatura. Para fechar a noite, mais animação com o grupo Mistache
& os Apaches, no palco do SESC Santa Rita. A Casa Rocco recebeu Irvine
Welsh e ofereceu-lhe uma festa concorrida, onde o número de convidados não
batia com a capacidade de público no local. Tudo regado a uma boa cachaça
paratiense. Na Nau dos Insensatos, Paulo Betti relatou sua experiência com o
pai esquizofrênico.
No quarto dia, penúltimo dia da Flip, a Casa Rocco
recebeu Frei Beto em uma concorrida palestra, onde falou sobre a literatura em
tempos de crise. Na tenda dos autores, aconteceu a mais badalada palestra da
programação principal, o encontro de Benjamin Moser, biógrafo de Clarice
Lispector e Heloisa Buarque de Hollanda, que incentivou a carreira de Ana
Cristina César. Falou-se sobre as peculiaridades e semelhanças de cada
escritora. No mesmo dia, Benjamin se dividiu entre a Casa Folha e a Casa Rocco. A Casa Folha, pela manhã,
recebeu Ruy Castro, com espaço lotado. No SENAC, o chef André Boccato comandou
a cozinha que serviu café, caldinho de feijão e ceviche, fechando a noite. No
SESC, noite de encerramento do Prêmio Off Flip, recebendo seus vencedores. A
Casa Cais recebeu a ilustríssima Pilar Del Río, musa de Saramago. A FlipMais,
na Casa de Cultura ofereceu uma conversa com Caco Barcellos para falar sobre os
10 anos do Profissão Repórter. Também super concorrido. Na Nau dos Insensatos,
Utopias e Profecias, onde se falou sobre a vibração do tempo e sobre a forma
que o povo Maia lidava com o tempo. À noite, sarau com música de raiz
afro-brasileira e declamação de poesia ao som de tambor por Leona Cavalli, que
no final, levou todo o público para o lado de fora e na Praça da Matriz, todos
dançamos e cantamos de mãos dadas em um grande círculo. A Pousada do Príncipe
aderiu ao clima da Flip e promoveu em seu restaurante, o lançamento do livro “O
Mundo é um Palco”, em homenagem aos 400 anos da morte de Shakespeare. Trata-se
de uma coletânea de textos escritos por autores que leem o famoso bardo, como:
Pedro Bial, Fernanda Montenegro, Joaquim Falcão e outros, onde os temas traçam
um paralelo entre o momento atual do Brasil às tragédias Shakesperianas, que
atravessam séculos.
No
5º e último dia, um domingo ensolarado, as Casas parceiras, em sua maioria,
encontravam-se fechadas. Ao passar em frente, sentia-se o cheiro da ressaca
literária e erudição. A Casa Gastronômica do Senac, Casa Folha e Casa de
Cultura, com FlipMais, deram o último suspiro. Na primeira, homenagem à
gastronomia de Paraty; A segunda recebeu Zeca Camargo para falar que “Paris
Nunca Acaba”. A Tenda dos Autores encerrou seus trabalhos mais cedo do que nos
anos anteriores com o tradicional “Livro de Cabeceira”.
Inegavelmente
e decididamente nada, nem a “malvada” e “intragável” crise econômica apaga o
brilho da FLIP, que a faz ser considerada o maior evento literário do país. Que
os deuses da literatura e das artes não deixem nunca que sua chama se apague.
Por: Denise Constantino
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