quarta-feira, julho 13, 2011

FLIP 2011 - IMPRESSÕES 3

     A mesa 12 teve um fraco Marcelo Ferroni, que escreveu uma história sobre Che Guevara ficcional, o ótimo e preciso Edney Silvestre e o centrado Teixeira Coelho. Edney Silvestre afirmou convictamente que não quer e não devemos esquecer os “escombros”, referindo-se à época da ditadura e ao governo de Collor, após Teixeira Coelho citar uma frase de Borges em que disse que “esquecer o ruim também é ter memória”. A discussão também girou em torno do tema verdade x ficção. O que interessa é a verdade inacessível, que é o motor da literatura. Teixeira Coelho ainda citou que felicidade é escrever ficção.
     A mesa 13 teve o divertido e amnésico João Ubaldo Ribeiro, que falou sobre sua terra natal: Itaparica, que é local constante em seus romances e contou a história do verdadeiro Sargento Getúlio, título de um de seus livros. Ubaldo contou que escreveu “Viva o povo brasileiro”, um livro grande, como desafio ao seu editor que reclamou que o escritor só escreve livros pequeninos que podem ser lidos na ponte aérea. João Ubaldo ainda disse que tem um anjo da guarda chamado Pepe e que é padroeiro de Nossa Sra. Perpétuo Socorro, embora não seja católico por não aceitar os magistérios da igreja.

A mesa 14 teve um James Ellroy altivo e eufórico, que começou de pé, a frente do encolhido mediador Arthur Dapieve, lendo um trecho de seu romance policial mais novo, Sangue Errante. Aos 10 anos, a mãe de James Ellroy foi assassinada brutalmente e o crime nunca foi solucionado. Ellroy mostrou-se excêntrico e afiado, disse que se fosse um compositor seria Beethoven, se fosse um líder religioso, seria Deus. Nada modesto. Ellroy é fascinado por Beethoven, disse que tem vários bustos do compositor em sua casa. Afirmou que é avesso à tecnologia e que escreve seus livros à mão. Terminou com uma pergunta: “ninguém vai perguntar por que eu escrevo?” E respondeu recitando uma poesia.
     A mesa 15, no último dia, foi dedicada também ao antropofagismo de Oswald de Andrade. João Cezar de Castro Rocha falou com a sua postura de professor acadêmico sobre o que seria antropofagia. Já Eduardo Sterzi começou mal, se diminuindo frente ao seu colega de mesa e aos outros que falaram sobre Oswald anteriormente.

Por: Denise Constantino
foto: Carmen Amazonas

Nenhum comentário: