EVENTOS NA COSTA VERDE

Pode parecer clichê, mas é incrível como passamos um intervalo de tempo enorme sem ter opções de lazer em Angra dos Reis e quando surge um, surgem vários ao mesmo tempo, inclusive nas cidades circunvizinhas, que nos fazem querer nos desdobrar, não é mesmo? Estou me referindo ao Festival de Música na Ilha Grande, à Feira de Negócios na Praia do Anil e à FLIP, em Paraty. Todos vão acontecer no mesmo período: 6 a 10 de julho. Não é maravilhoso, termos tantas opções de lazer em um mesmo período? O problema é escolher um, ou aproveitar um pouquinho os três. Acredito que algum vai perder em público. A Flip, em Paraty, vai bombar como sempre. Seu público é diferente daquele que vai ao festival de música e o angrense não costuma prestigiar essa festa. Gal Costa vai cantar no dia 09/5, na ilha. O que o angrense vai escolher? Bem, eu já escolhi: vou arrumar minha mala e prestigiar os autores e a homenagem ao nosso grande escritor do Modernismo: Oswald de Andrade. Vou ver e ouvir Edney Silvestre, Pedro Bandeira, João Ubaldo Ribeiro, David Byrne, Ignácio de Loyola Brandão, Carol Ann Duffy, Antonio Tabucchi e outros. Façam sua escolha.

Denise Constantino

FEIRA CULTURAL RAUL POMPEIA

Excelente a primeira Feira Literária Raul Pompeia, que aconteceu no dia 21/5 das 10h às 23h, nas ruínas da Santíssima Trindade de Jacuecanga. O evento foi idealizado e organizado pelo incansável José Mário dos Santos, com a ajuda dos associados da Associação Cultural Raul Pompeia e do organizador da Off Flip, de Paraty. A feira contou com estandes de livros, exposições, palestras e mesas de debates com escritores de Angra (Ana Maris, Ednéa Pascoal e outros), de Paraty, do Rio e de São Paulo, além de shows musicais, que animaram o dia e a noite. Mas a grande estrela do evento, sem dúvida, foi o gramático e membro da Academia Brasileira de Letras (ABL), Evanildo Bechara. Bechara, com 83 anos, esbanjou simpatia, simplicidade e falou sobre a vida e a obra de Raul Pompeia, que é seu patrono na cadeira da ABL. Além disso, respondeu às perguntas do público, deu autógrafos e posou para fotos com os fãs, inclusive eu. A SPAsophia Cultura & Arte contemplou o evento com um estande de livros e Carmen Amazonas, associada da Associação Raul Pompeia, ajudou na organização do encontro. Após as palestras, houve a premiação aos vencedores do concurso de poesia e prosa Raul Pompeia. Para fechar a noite, o ótimo grupo Zangareio deu o show. Aos organizadores da Feira, meus parabéns e que a ideia vigore, se fortifique e se multiplique, para que um dia tenhamos mais eventos literários do mesmo patamar existente em outros municípios.

Por: Denise Constantino

FERNANDO PESSOA

Ou Fernando Pessoas?

Um homem de múltiplas personalidades? Para mim, foi um homem de imensa criatividade, que conseguiu abraçar diversos estilos, ao dar vida a várias personalidades e, assim, criar arte com a poesia.

Este texto descreve o encantamento pela exposição "Fernando Pessoa - Plural como o Universo", que esteve no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, no período de agosto/2010 a janeiro/2011 e até 22/5/11 no Centro Cultural dos Correios, no Rio de Janeiro. Fernando Pessoa foi vários poetas em um só. "Encarnou": Ricardo Reis, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Bernardo Soares e outros. Os três primeiros são os mais conhecidos. Lamentavelmente, a obra de Pessoa só foi reconhecida após sua morte. Enquanto viveu, Pessoa tinha uma personalidade conflituosa, em constante busca pelo "eu". Talvez por isso, tenha criado as personagens para multiplicar-se e descobrir-se. Alberto Caeiro foi o simples. Para ele, não havia mistérios nas coisas. Sua poesia não tinha estética e nem rimas. Álvaro de Campos tinha crise de identidade. Era depressivo e seu estilo era despido de beleza. Ricardo Reis tinha estilo refinado. Era racional. Vivia pelo Carpe Diem. Tinha estilo clássico, agregando a mitologia à natureza.

Na exposição, cada heterônimo tinha um espaço decorado e poesias para serem apreciadas. Instalações perfeitas. Iluminação grandiosa. Efeitos especiais surpreendentes. Ao adentrar a exposição, facilmente sentíamos inebriados pela poesia e pelo mundo complexo de Fernando Pessoa.

Aproveito para citar o almoço no bistrô da Casa França Brasil. Comida excelente, preço bom e atendimento impecável. Um dia perfeito.

Por: Denise Constantino