A origem do teatro deu-se nas sociedades primitivas, como ritual mágico para obter favores dos deuses na caça e na colheita. O teatro é uma das manifestações mais antigas da humanidade, ligado ao espírito lúdico, pois em todas as épocas e entre todos os povos sempre existiu o desejo de representar, temporariamente, o papel de outra pessoa, fantasiar-se e imitar outras pessoas.
Diz-se que muito antes da antiguidade, quando conheceu-se o teatro grego, já havia manifestações teatrais, como por exemplo, a civilização egípcia, que expressava sua cultura através de representações dramáticas, de ordem religiosa para exaltar as principais divindades da mitologia egípcia, principalmente Osíris e Íris. Acredita-se que a história do deus Osíris é a peça mais antiga que se conhece, escrita em 3200 a. C. Porém, o crescimento do teatro foi obra dos gregos, e a Grécia considerada o berço do teatro mundial.
A origem do teatro grego está relacionada aos mitos gregos e a sua religião. Para falarmos sobre teatro e sua origem na Grécia, é necessário falar do deus Dionísio. Dionísio era filho de Zeus e Perséfone e para salvá-lo de sua esposa Hera, Zeus o transformou em bode e o escondeu no monte Nisa, deixando-o aos cuidados dos sátiros (metade homem, metade animal) e das ninfas. No Monte Nisa havia vasta plantação de videiras e ao beber o suco das uvas, Dionísio, os sátiros e as ninfas acabaram criando o vinho. Embriagados, começaram a dançar e a cantar; e como a vida dos deuses da mitologia grega influenciava diretamente a vida dos habitantes da Grécia, tornou-se natural homenagear Dionísio. Os habitantes saíam pelas ruas imitando Dionísio, deus da uva, do vinho, da embriaguez e da fertilidade, em procissões com música e dança chamadas Dionisíacas, que aconteciam na época da colheita da uva, e quando eles sacrificavam um bode (que comiam os brotos das uvas).
Ao longo do tempo essas procissões foram se organizando e transformaram-se em grandes representações, reunindo toda a comunidade. Havia o "Khorós" (coral, coro), cantado por pessoas vestidas de bodes, sátiros e ninfas. O hino cantado em louvor a Dionísio chamava-se "ditirambo"(canto do bode), que deu origem à tragédia. A tragédia é uma forma de drama e junto à comédia, fazia parte das manifestações teatrais gregas. A tragédia tem a função de provocar por meio da paixão e do temor a expurgação ou purificação dos sentimentos, o que Aristóteles chamou de catarse. Segundo esse filósofo, em sua obra "Poética", a catarse explica o motivo dos humanos apreciarem assistir ao sofrimento dramatizado. E é justamente essa catarse que sentimos ao assistir uma peça teatral, um filme ou uma novela na TV. Nos emocionamos com o sofrimento alheio e ao nos identificarmos com as personagens, pensamos no nosso próprio sentimento.
Na Grécia, mais tarde, surgiram os concursos de teatros, com ênfase nas tragédias, onde o canto e a dança mesclavam-se à poesia e os temas eram mitológicos, mostrando a relação entre os homens e os deuses. As pessoas assistiam ao espetáculo com um louro na cabeça, como nas cerimônias religiosas. A origem das máscaras também vêm daquela época, quando os homens tinham de fazer o papel masculino e feminino ao mesmo tempo, pois as mulheres eram proibidas de encenarem por não serem consideradas cidadãs.
No Brasil, o teatro surgiu no século XVI, tendo como motivo, assim como os primórdios da literatura, a propagação da fé religiosa. Assim, José de Anchieta esreveu alguns autos para catequizar os índios e integrar portugueses, índios e espanhóis. Foi somente com a vinda da corte portuguesa para o Brasil que o teatro nacional teve algum progresso. Os primeiros dramaturgos brasileiros foram Gonçalves de Magalhães e Martins Pena.
Em Angra dos Reis, nós temos o Encontro de Teatro de Rua e a FITA (Festa Internacional de Teatro de Angra), que na sua 6ª edição continua arrebatando público, com peças que nos emocionam, nos faz rir, chocar e chorar. Bons exemplos de 2009 foram:
Ensina-me a viver, com Glória Menezes, Arlindo Lopes e elenco, que abriu a festa com glamour. O enredo foi comovente, leve, engraçado e cenografia deslumbrante. É um brinde à vida e ao amor. Amor este, incondicional, descolado e verdadeiro. Um espetáculo que juntou o riso e o suspiro, uma verdadeira catarse.
Shirley Valentine - monólogo com Betty Faria. Outra peça que nos faz pensar na nossa vida, em como abdicamos de nossas vidas e nos amarramos por causa de outros, que na verdade, se tornam nossos opressores mais porque consentimos do que pela própria vontade deles.
Paixão - ótima performance de Nathália Timberg, que declama poesias de diversos poetas durante 50 minutos. A arte da oralidade, da audição, do silêncio para ouvir poesias, que hoje em dia está tão raro.
Um Estranho Casal - comédia divertidíssima com Carmo Della Vecchia, que mostra os conflitos de dividir um lar, seja um casal ou apenas dois amigos.